CNBC - Mark Mobius - Petrobras - Bancos - Microcaps

20/03/2019

Após uma sequência de três anos atuando em um ambiente de uma corretora em meados desta década, confesso estar feliz de volta ao meu usual isolamento onde acompanho os mercados por meio de 4 telas e tenho como única companhia o noticiário financeiro da CNBC.

Na verdade, já faço isso há aproximadamente 15 anos; desde que resolvi devolver o meu terminal da bloomberg que, na ocasião, deixou de fazer sentido econômico. Foi através desta fidelidade ao canal americano que passei a admirar Jim Cramer, a conhecer diversos CEOs, e principalmente, a detectar as personalidades que, com suas palavras, impactam os mercados.

Havia uma época em que a simples presença na TV da estrategista do Banco Goldman Sachs, Abby Joseph Cohen, era o suficiente para fazer o índice S&P 500 subir alguns pontos.

Trago este assunto pois ontem foi dia de aparição de Mark Mobius na TV. Mobius, com seus ternos chamativos, é um ícone quando o assunto é mercados emergentes. Para mim, entretanto, o gestor é um dos maiores "Zé Comprinhas" do mercado cuja aparição normalmente coincide com topos de curto-prazo nos mercados.

Um fã de Mobius poderia o defender argumentando que o gestor sempre esteve certo pois, afinal, o IBOV acaba de romper a barreira de 100k pontos.

Bem, vamos as contas:

Quando comecei a atuar no mercado de ações em 1997, o IBOV negociava por volta de 10k, com um câmbio de 1 : 1.

Hoje, 22 anos depois, está em 100k com um câmbio de 1 : 3,80, de forma que o retorno anual nominal em USD é de 4,5%!!! Digamos que se tal taxa for divulgada pelos agentes de marketing, o provável é que os investidores fiquem mesmo é no tesouro selic. Esse papo de que a bolsa é um ótimo investimento de longo prazo só ilude aqueles que não sabem fazer conta. 

Dito isso, se você ficou durante esse tempo na renda fixa e aproveitou os solavancos da bolsa de forma oportunista, parabéns!!! Você está de mãos dadas com o Sr. Dório Ferman, um dos magos da bolsa brasileira!

Olhando para frente, vale destacar que os desafios demográficos atuais combinados com o crescente endividamento no mundo desenvolvido deverão contribuir para retornos pífios ao longo dos próximos anos.


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De volta a presença de Mobius na CNBC... enquanto ele discursava sobre seu otimismo quanto aos mercados, os principais índices começavam a perder força.

Eu cheguei a escrever um post no Facebook onde refletia a respeito da necessidade do "cavalinho petrolina" (em referência a Petrobras) ter que parar para beber água...

Alguns minutos se passaram e o mercado já recuava. O preço das ações da PETR4 havia caído de R$29,15 para R$28,75. Tudo no script... Que Mobius é um pé frio, eu não tenho a menor dúvida!

Mas aí, eis que sai a notícia de que a Petrobras deverá receber do governo e de parceiros algo próximo a US$18 bi relacionados a questões ligadas ao acordo de Cessão Onerosa.

O papel sobe 2% como um foguete, formando uma gigante barra de 5 minutos no gráfico. O papel recua um pouco no leilão de fechamento e um pouco mais durante o "after-market".

O que esperar para abertura de amanhã?

É sempre um desafio buscar prever o movimento de curto prazo de uma ação, mas deixe eu tentar aqui fazer o melhor que posso diante das informações disponíveis.

Desde o sugeri, acertadamente, o CALL de compra das ações no dia 8/3, as ações não só vem subindo, mas a volatilidade implícita de suas opções vem caindo. Mais importante, a curva de volatilidade vem se mantendo, ao longo de todo este tempo, com um formato condizente com a expectativa de valorização do papel.

Ontem, com a notícia da Cessão Onerosa sendo divulgada nos momentos finais do mercado, não sabemos se a demanda por opções detectada no fechamento do pregão era oriunda de uma antecipação de um movimento que está por vir, ou do "vendido" se zerando.

Estou inclinado a acreditar um pouco mais na primeira tese, mas confesso que a falta de interesse pelo papel durante o "after-market" me deixou intrigado. 

Aproveito também para reiterar a tese de que as ações dos principais bancos brasileiros encontram-se prestes a entrar na estratosfera no que diz respeito aos seus múltiplos com relação a valor patrimonial.

Uma tabela preparada por uma importante casa de pesquisa aponta para múltiplos de P/BV ("Price to book value" ou preço por valor patrimonial) estimados para 2019 que sugerem que o potencial de alta para Bradesco, Itaú e Santander é limitado.

Assim, com as "blue chips" com preços mais elevados, o marketing dos agentes se volta para as ações das smallcaps, das microcaps, e eventuais IPOs.

E aqui brinco (falando bem sério)... É neste momento que te convido a verificar onde você colocou sua carteira. Veja se está no lugar devido. Tão de olho nela!!!

Quando o assunto é microcap eu tenho uma história verídica de um investidor que transformou um investimento de R$100k em R$1M em 5 semanas. Ironicamente, isso ocorreu em plena crise financeira de 2008, entre os meses de dezembro/2008 e fevereiro/2009. O papel: RCSL4. O preço da ação de tal empresa hoje não compra nem uma passagem de ônibus. Mas isso é tema para o comentário de amanhã.

Marink Martins

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