Como avaliar a presença de uma BOLHA, segundo Charles Gave

17/10/2021

A esta altura você já deve estar bem familiarizado com alguns personagens que são inspirações para este projeto chamada MyVOL, que tem como objetivo fazer com que você pense como um investidor global. Embora a lista de personagens seja encabeçada por Louis Gave, ela é imensa e inclui diversos nomes que frequentam a CNBC, como Jim Cramer, Tom Lee, Mike Wilson, David Kostin e muitos outros. 

Pensar como investidor global não quer dizer que você tenha que negociar ativos listados ao redor do mundo, mas sim buscar entender correlações globais. O trabalho de análise de mercado pode ser resumido pela busca incessante por correlações, seguido de um estudo mais profundo para determinar se há uma relação causal entre as variáveis em consideração. 

Neste domingo, entretanto, quero falar do estrategista Charles Gave que, para muitos é um PERMA-BEAR (um pessimista permanente). Em seus textos, ele está quase sempre nos chamando atenção dos riscos presentes nos mercados. No entanto, nesta última semana ele nos contemplou com um estudo que julgo especial. Ele compartilhou uma métrica para detectarmos se o índice S&P 500, está ou não, no que pode ser classificado como um terreno de bolha. 

Mas, o que é uma bolha no mercado de ações? Ao fazer este pergunta, Charles brinca que a melhor definição para uma bolha é um ciclo de alta do qual ele não esteja se beneficiando... Desta vez falando sério, ele busca responder a esta pergunta de forma quantitativa. Para isso ele estabelece critérios e atribui o valor de 1 caso o momento atual se enquadre no critério estabelecido e ZERO, em caso contrário. São três os critérios discutidos:

1. P/L de Shiller ajustado pela taxa dos "treasuries de 10 anos". 

Métrica: caso P/L de Shiller ajustado esteja acima de 20x, então devemos concluir que o índice está em terreno de bolha. Neste caso, o modelo atribui um valor de 1 associado a este critério. Veja o gráfico abaixo ouvindo o meu comentário sobre o tema:

2. Complacência de Minsky

O economista Hyman Minsky ficou famoso ao dizer que, em se tratando do mercado de ações, excesso de estabilidade conduz a maiores instabilidades. Pensando nisso, Charles Gave estabeleceu como critério que se o preço do índice S&P 500 estiver 50% acima de sua média móvel de 5 anos, então há uma boa probabilidade de que seu preço esteja em terreno de bolha. Neste caso, momentos em que este critério é atingido recebem o valor de 1. 

Vamos ao gráfico e ao meu comentário sobre o tema:

3. A relação entre o S&P 500 e o custo da energia 

Charles, de forma categórica, nos diz que a criação de riqueza nada mais é do que o processo de conversão de energia em bens e serviços de forma de lucrativa. Sei que muitos contestarão esta afirmação acusando-a de uma visão antiquada. Mas, não devemos esquecer que, em períodos de euforia, os cautelosos são sempre acusados de defasados, desatualizados, recalcados, etc.

Para estabelecer este critério, Charles promove um ajuste associado a ganhos de produtividade vinculados ao melhor uso da energia ao longo do tempo. Sendo assim, de acordo com sua métrica, caso a razão entre o S&P 500 e o preço ajustado do barril de petróleo (medido pelo WTI) estiver acima de 160x, pode-se dizer que o preço do índice S&P 500 pode ser considerado em terreno de bolha. Veja o gráfico e meu comentário:

Em seguida, colocamos os 3 critérios em conjunto e avaliamos o momento atual associado ao índice S&P 500. 

Veja o gráfico e ouça o meu comentário:

Para finalizar, Charles conclui discutindo o comportamento do VIX durante períodos turbulentos. (Abordo este tema no áudio acima, associado ao último critério).

Marink Martins

www.myvol.com.br