Como o IMO 2020 pode afetar o mercado acionário?
Uma nova legislação da Organização Marítima Internacional (em inglês, IMO) entra em vigor a partir do primeiro dia de 2020 e promete ser um dos mais impactantes eventos no setor petrolífero conforme podemos ver através do "headline" da CNBC para esta segunda-feira, dia 15/7/2019.

A "headline" da CNBC diz que a maior mudança impactando o setor petrolífero está a seis meses de distância. Você pode ler a reportagem na íntegra clicando aqui.
Tal mudança refere-se a IMO 2020 - uma legislação que exige que o transporte marítimo seja feito através de combustíveis mais limpos, com um teor de dióxido de enxofre de no máximo 0,5% em comparação aos 3% usual.
Esta medida atinge em cheio não só o setor de transporte marítimo, que terá que comprar um combustível mais limpo, mas também o setor de refino que terá que se adequar a um crescimento expressivo da demanda por um combustível de maior valor agregado.
Na essência, as refinarias que estiverem prontas para cumprir tal missão deverão se beneficiar com uma elevação em suas margens de lucro.
Entrei em contato com a diretoria da Petrobras a respeito do tema e fui informado que a empresa está pronta para tal mudança. Abordei o assunto através do MyCAP Tendências Globais que você pode acessar clicando aqui.
Mas como o IMO 2020 pode afetar o mercado acionário?
De diversas formas.
A primeira é naturalmente impactando o preço do petróleo. A demanda por combustíveis marítimos está na casa dos 3 milhões de barris por dia - grande parte do combustível utilizado contém 2,75% de teor de dióxido de enxofre. A demanda por este tipo de combustível irá colapsar.
Por um outro lado, a demanda por um combustível mais limpo, com 0,5% de teor, irá disparar. A disrupção no preço do petróleo advém do fato de que para produzir um petróleo mais limpo é necessário a compra de um petróleo mais leve do que este que vem sendo vendido por países membros da OPEP.
Sendo assim, analistas estimam que uma parte significativa da oferta de petróleo - algo entre 200 mil e 500 mil barris por dia - poderá sair do mercado e contribuir para uma elevação no preço do petróleo na virada do ano. O setor de distribuição de combustíveis naturalmente deverá ser impactado por este evento.
Acredita-se que tal legislação impactará todo o setor de transportes; não só o marítimo, mas também o setor aéreo, o de portos e outros. Neste sentido podemos pensar que diversas empresas poderão ser impactadas, mesmo que indiretamente. Dentre elas, a BR Distribuidora, a Cosan, a Ultrapar; e também a GOL e a Santos Brasil.
Nos EUA há um ETF (fundo de índice) cujo código é CRAK (VanEck Vectors Oil Refiners) que, embora de liquidez limitada, é um veículo interessante para o investidor tirar proveito da entrada em vigor da nova legislação.
Marink Martins