FOBS - o novo acrônimo criado por Jim Cramer

07/03/2019

Do criador do acrônimo FANG (Facebook, Amazon, Netflix e Google), vem aí: FOBS - Fear of BIG SELLERS!

A minha melhor tradução deste, que na verdade sempre esteve presente nos mercados, seria MDMF - medo do mão-forte.

Jim Cramer usa-os frequentemente como um importante instrumento de comunicação buscando transmitir a sua vasta audiência uma determinada ideia. Lembro-me bem quando ele lançou -- o hoje ubíquo -- FANG.

Desta vez, entretanto, sua intenção é chamar atenção ao fato de que o declínio no preço das ações da GE é uma função de um receio dos participantes de mercado de que o momentum negativo associado ao papel irá trazer consigo grandes vendedores.

Na semana passada, Cramer, educadamente, encheu a bola do analista do JP Morgan, Stephen Tusa, ao reconhecê-lo como um dos poucos analistas que acertou ao prever a derrocada no preço das ações da GE. Hoje, com as ações da empresa registrando uma queda superior a 9% - negociando próximo aos US$9,00 - o mesmo analista disse que seu preço alvo de US$6,00 para tais ações é um tanto generoso.

A razão pela qual enfatizo a dinâmica de preço da GE neste comentário tem a ver com o risco que este conglomerado apresenta no que diz respeito ao mercado de dívidas corporativa norte-americano. Não quero ser repetitivo aqui pois é raro que se passe uma semana em que eu não aborde o assunto.

Recentemente escrevi os seguintes comentários sobre o tema:

Caminhamos para um FGC global!

https://www.myvol.com.br/l/fgc-global/

MyVOL ThinkBOX - Relatório da OECD sobre endividamento corporativo global

https://www.myvol.com.br/l/myvol-thinkbox-relatorio-da-oecd-sobre-endividamento-corporativo-global/

O 4º elemento que vem impulsionando as bolsas https://www.myvol.com.br/l/o-4%C2%BA-elemento-que-vem-impulsionando-as-bolsas-globais/

No O 4º elemento que vem impulsionando as bolsas chamei atenção sobre o fato de que o ímpeto altista dos mercados estava relacionado a percepção de uma maior tranquilidade no mercado de dívidas corporativas. Em particular, vimos os spreads fechando e o preço de alguns ativos, como as ações da GE, subindo de forma expressiva.

O problema é que agora começamos a ver um movimento de acomodação. Pode-se argumentar até por um movimento de reversão a média!

O importante é que ao observarmos o gráfico abaixo podemos inferir que a deterioração no preço das ações da GE foi precursora da forte pressão vendedora nos mercados vista em dezembro de 2018. A questão aqui é: será que o acontece na GE passa a ser (no curtíssimo prazo) uma espécie de um indicador antecedente do que está por vir nos mercados?

Bem, a GE certamente é forte candidata a "big whale" no crescente segmento com classificação de risco BBB no mundo corporativo. Qualquer deterioração neste segmento poderá trazer de volta as tensões vistas na época do natal.

E se isso ocorrer, é possível que o fenômeno denominado como FOBS por Jim Cramer poderá tomar uma proporção global afetando também o Brasil. 

E por que não? As águas de março já chegaram e o chopp da previdência já me parece meio aguado. Não podemos nos esquecer que a participação brasileira no índice MSCI para mercados emergentes tende a cair de 5,8% para 5,5% em um prazo de 5 meses - algo equivalente a aproximadamente US$5 bilhões.

Dito isso, cuidado com o Mão-Forte! 

Marink Martins


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