Biden vs Sanders!

03/03/2020

Hoje é a Super Tuesday! A super "terça-feira" onde os democratas americanos decidem, provavelmente, quem será o próximo candidato a enfrentar Donald Trump. Em ordem de número de delegados, os estados onde ocorrem os pleitos são California, Texas, North Carolina, Virginia, Massachusetts, Minnesota, Colorado, Tenesse, Alabama, Oklahoma, Arkansas, Utah, Maine, Vermont e American Samoa. No momento, Sanders possui 60 delegados, e Biden, 54. A disputa agora se define entre os dois, com Elizabeth Warren possuindo apenas 8 delegados, e o bilionário Michael Bloomberg com nenhum (por ter entrado na disputa presidencial tardiamente e não ter participado de primárias anteriores). O número a ser atingido por Sanders ou Biden é de 1991 delegados, para que o vencedor não tenha sua vitória "contestada" na convenção democrata ou mudada por "superdelegados", onde o DNC (Comitê Nacional do Partido Democrata) pode "mexer os pauzinhos" para escolher quem mais lhe agrade, na medida do possível.

Nisto mora a questão das primárias democratas de 2020: derrotado por Clinton em 2016, Bernie Sanders vem, desde então, construindo uma base de militância composta principalmene por eleitores mais jovens e engajados (universitários). A campanha Sanders 2020 abriu seus comitês locais focando em votos latinos e negros no estado da California, o eleitorado que Sanders perdeu para Clinton em 2016. Para se ter uma dimensão do engajamento da campanha de Sanders: só neste ano, ele arrecadou de seus simpatizantes 75 milhões de dólares, mais do que Biden conseguiu em 2019.

A imagem abaixo representa o poder do dinheiro versus o poder da militância: 

O bilionário Michael Bloomberg, às pressas para conseguir apoio, abriu 25 comitês locais na California. Mesmo assim, deve terminar em terceiro ou quarto lugar, dado as intenções de voto registradas até agora.

Ontem, dois candidatos considerados centristas, Pete Buttgieg, (prefeito de South Bend, Indiana) e Amy Klobuchar (senadora de Minnesota) encerraram suas campanhas e declararam apoio ao ex vice presidente Joe Biden. Esta parece ser uma tentativa deliberada do DNC conseguir aglutinar apoio para Joe Biden contra a euforia da campanha Sanders. Enquanto o eleitorado democrata continua escolhendo candidatos alinhados mais à esquerda, o establishment do partido quer trazer o centro (Joe Biden) para ser o adversário de Trump.

Donald Trump, mesmo (obviamente) não participando das escolhas democratas, vem repetidamente, em seu twitter, dizendo que o Partido Democrata quer "dar o golpe" em Sanders. Até a hipótese de que Biden ou Bloomberg ganhariam os delegados e colocariam Hillary Clinton como a cabeça de chapa já foi cogitada em meios republicanos. Para Trump, é muitíssimo interessante que Bernie vença as primárias, pois será mais fácil combater um adversário mais à esquerda, exaltado como ele, do que um centrista que irá tentar usar o discurso de que Trump é um "extremista". Trump quer sempre vencer usando a emoção e seus discursos inflados - ou seja, por enquanto, Bernie conta com a ajudinha presidencial.

Hoje, já é dado que Sanders deve levar a California e Vermont (seu estado de origem). No restante, para Biden, é essencial que Biden leve todo o eleitorado de Buttgieg e Klobuchar, pois assim conseguirá chegar na convenção nacional democrata com o maior número de delegados. A grande expectativa de hoje é se Sanders conseguirá logo a maioria - o que ele precisa, para eliminar qualquer chance do DNC favorecer a disputa para Biden. Pois caso a nominação fique na mão do DNC, teremos Biden versus Trump! O argumento usado por apoiadores de Biden é de que ele é o único candidato capaz de vencer Trump - Sanders seria muito extremista e rejeitado por eleitores moderados.

Afinal, os democratas não estão em posição favorável. Pois Trump usará de toda a sua retórica e todo o populismo necessário (corte de impostos, incentivos fiscais) para garantir e alavancar sua reeleição.


Equipe MyVOL/Mariana Ratão

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