Credit Suisse: VENDA BRASIL!

01/03/2018

Não pretendo aqui iniciar um debate sobre previsões de mercado. Os mercados são complexos, afetados por inúmeras variáveis. Assim como na vida, ora é previsível, ora é randômico. Muitas vezes democrático, permitindo que cada um de seus participantes tenha seus 15 minutos de fama, acreditando em uma estratégia infalível. Afinal, como bem colocado pelo veterano Jim Cramer: "Bulls make Money! Bears make Money! Now, pigs... they get slaughtered!" (em tradução livre: otimistas ganham dinheiro, pessimistas também... já os gananciosos...)

Vamos ao que interessa. Quais são as razões que levam o Banco Credit Suisse a considerar a bolsa brasileira relativamente cara? São muitas.

Primeiramente, devo mencionar que o Credit Suisse é a casa do economista Nilson Teixeira, visto por muitos no mercado como um pessimista. Eu, entretanto, o considero uma das pessoas mais coerentes neste mercado. Nilson é um realista.

Vamos as 10 razões mencionadas pelo banco:

  1. O crescimento potencial de longo prazo da economia brasileira está limitado a 2,5% ao ano.
  2. Inúmeros desafios fiscais, sem perspectiva positiva de uma resolução no curto prazo.
  3. O preço das ações já reflete a redução no custo de capital resultante da redução de juros e deste período de momentânea baixa inflação.
  4. Há pouco espaço para uma valorização da moeda brasileira frente ao dólar, reduzindo assim a atratividade da bolsa brasileira aos investidores estrangeiros.
  5. Elevado risco associado a eleição presidencial.
  6. O potencial de valorização, tanto para o preço do minério de ferro como para o preço do petróleo, é limitado.
  7. O processo de expansão de margens de lucro, iniciado no fim de 2016, se estagnou.
  8. O Brasil adora decepcionar. Muitas estimativas de resultados já estão sendo revisadas.
  9. Embora o Brasil seja considerado um "value play", o banco já considera o preço das ações brasileiras elevados.
  10. Há um enorme otimismo, tanto entre os participantes de "buy side" (fundos e bancos) como os de "sell side" (bancos e corretoras). E isso é um péssimo sinal!

O relatório é longo, rico em detalhes. Mas se eu tivesse que eleger o mais forte deles seria o último. Quando o SELL SIDE, composto por bancos e corretoras de varejo começam a alardear que a bolsa está barata, que ela vai dobrar nos próximos meses, é um claro sinal para que você, investidor informado, que dedica seu tempo a estudar o mercado, deva no mínimo comprar um contrato de opção de venda (uma "PUT"). Vá reduzindo suas posições aos poucos.

Note que não estou, de forma alguma, sugerindo que você especule na ponta vendida neste mercado.

Embora estejam surgindo nuvens negras no cenário global, o mundo continua vivendo um cenário de crescimento sincronizado, com dinheiro barato e forte demanda por ativos de risco.

Iniciamos hoje um novo mês, mas não podemos nos esquecer de uma constatação deixada pelo retorno da volatilidade no início do mês de fevereiro: Em momentos de aversão ao risco, as correlações tendem a 1! O que isso quer dizer? A diversificação setorial, vista como o único "almoço gratis" no mercado, pouco tem nos ajudado em momentos de alta volatilidade.

Em outras palavras, podemos afirmar que se não há porto seguro na renda variável, a única coisa a ser feita é REDUZIR SUA EXPOSIÇÃO a ela!!!

Marink Martins


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