Crescimento versus manutenção do status quo

15/03/2021

É difícil acompanhar uma entrevista de Paulo Guedes e não sair com um sentimento de que "agora vai!" O nosso ministro da economia tem ótima formação, não só sabe o que está falando, mas também sabe do receituário para fazer com que este país volte a crescer e passe a ocupar um lugar que seja pelo menos um pouco mais proporcional ao seu tamanho.

Na última sexta-feira -- com os mercados já fechados - PG concedeu uma entrevista ao site Jota em que delineou o caminho para a prosperidade, como sempre faz desde que assumiu o mais importante posto na economia brasileira. O Brasil precisa voltar a crescer, pois como podemos ver na imagem abaixo, o "gigante pela própria natureza" está escondido em uma classificação com países menos expressivos, desprovidos das riquezas naturais vistas por aqui.

No gráfico acima temos o tamanho relativo de diversos mercados em dois momentos específicos: fim de 1899 (à esquerda) e início de 2021 (à direita).

A história nem sempre foi assim! No início da minha carreira -- nos anos 90 -- o Brasil ocupava uma posição de destaque na carteira que compunha o índice de mercados emergentes preparado pela MSCI, com um peso de aproximadamente 15%, superior a países como a China, a Coréia do Sul, Taiwan e outros.

Hoje, como podemos ver no gráfico à direita, o Brasil se encontra dentro de uma faixa classificada como "outros". Pode Paulo Guedes contribuir para alterar este status quo que parece nos afastar cada vez mais do acesso ao que há de melhor em termos de tecnologia e educação no mundo? Seria o Paulo Guedes uma das razões para os problemas atuais?

Creio que a resposta seja NÃO para as duas perguntas acima. O Brasil, ao meu ver, é um gigante que se arrasta de forma intencional. Vimos isso de forma clara na semana passada durante a votação da PEC Emergencial. Quando estava tudo pronto para ser aprovado, os deputados, capitaneados por Artur Lira, tiveram que ceder ao lobby do funcionalismo público que não queria ceder, de forma alguma, ao congelamento de salários. Não há Paulo Guedes que consiga combater estas forças que mantém o Brasil como um consistente perdedor de espaço no gráfico ilustrado acima.

E é justamente por isso que concluo este texto com uma mensagem com o foco no curto prazo. Continuo acreditando que, enquanto o cenário internacional estiver estável (com o S&P 500 > 3.900 pontos, e com o USD/CNY < 6,50) é hora de comprar estatais e deixar as ações de empresas exportadoras um pouco de lado. A verdade é que acho que o Brasil ficou muito para trás e ainda é hora de aproveitar este jogo de reversão à média. Dito isso, prossiga com calma e cautela, pois o grau de vulnerabilidade global é crescente.


Marink Martins

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