CSN - cuidado com as narrativas transformacionais

21/01/2021

Na crise de 2015/16 vivida no Brasil diversas empresas sofreram devido aos seus elevados endividamentos. Dentre elas, a Petrobras e a CSN se destacaram e, por um determinado momento, deixaram os seus credores receosos quanto à possibilidade de um calote.

Ambas fizeram um tremendo esforço para alongar seus endividamentos. Ambas foram forçadas a se desfazer de ativos.

Hoje, quem olha para o preço das ações destas empresas - em particular, para o preço das ações da CSN que subiu mais de 10x da mínima registrada na crise - é levado a pensar que todos os problemas foram extintos.

Creio que não seja bem assim. É verdade que a expressiva alta registrada no preço do minério, em comparação aos US$45/ton de 2016, tenha contribuído muito para estabilizar a situação.

Contudo, é justamente esta dependência deste segmento que me preocupa. Afinal, conforme já mencionei por aqui, há sinais de desaceleração na construção civil na China. Quem diz isso é a casa de pesquisa Gavekal.

Além disso, vale observar que a empresa possui um endividamento líquido de 30 bilhões reais cujo custo anual - uma vez consideradas as despesas com hedge cambial - tende a ficar entre 6 e 8%.

Vale destacar também, uma maior concentração nas amortizações dos próximos 3 anos. Um fenômeno análogo ao que está em curso no setor de energia norte-americano; esse setor conviverá com fortes amortizações de dívidas nos próximos 3 anos.

Por lá, as ações do setor de energia, embora tenham exibido uma recuperação recente, ainda negociam com um tremendo desconto em comparação aos preços históricos. Já, por aqui, as ações da CSN negociam como se esta fossem "growth stocks".

Ontem mesmo, um importante banco elevou seu preço alvo de R$19,00 para R$46,00. Sabe-se que a empresa está na iminência de fazer um IPO da sua área de mineração. E é justamente por isso que busco chamar a atenção do leitor para o elevado grau de vulnerabilidade associada a esta empresa.

A única recomendação que busco fazer através deste texto é que o leitor faça um mínimo de diligência.

Marink Martins

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