Cuidado para não se deixar levar pelo entusiasmo local

29/01/2018

Há sinais de que o mundo desenvolvido caminha para um ciclo inflacionário. O "timing" desta transição não é preciso, mas já há evidências de que países "exportadores de deflação", como a China, Japão e Coréia do Sul, embarcaram em uma nova fase; uma na qual tais produtores não dispõem da mesma capacidade de produção de outrora. Quem afirma isso não sou eu, mas sim, a equipe da Gavekal, com quem venho interagindo com certa frequência.

Observemos os três preços mais importantes na economia mundial: o preço do dólar, o preço do petróleo e o preço (a taxa) de juros norte-americana. Nas últimas semanas, embora o mercado de ações global esteja em meio a uma fase parabólica, estamos em um período onde o dólar se enfraquece ao mesmo tempo em que a taxa dos títulos de 10 anos norte-americanos sobe. Uma combinação rara, mais comum para um país em desenvolvimento do que para um país como os EUA, motor do mundo.


Gostaria de te convidar a caminharmos juntos em uma jornada não-direcional. Amanhã, a Inversa Publicações lançará o meu projeto. Neste, caminharei lado a lado com assinantes ensinando a técnica de "dynamic hedging", que faz uso de uma carteira de ações e opções estruturadas de forma a buscar um crescimento patrimonial independente da direção dos mercados. O link para acessar tal projeto estará disponível aqui no site myvol.com.br. 



Notem que mudanças de ciclos como estas, de uma fase deflacionária para inflacionária, é algo que não ocorre com frequência. Tais ciclos tendem a ser duradouros, com uma longevidade que muitas vezes excede 30 anos. Por isso, a Gavekal assume uma postura de cautela, e explora probabilidades de que tal transição esteja de fato ocorrendo.

Mas, se assumirmos que estamos de fato entrando em um período com maior inflação, quais seriam as consequências?

Além da elevação na taxa de juros, teríamos também uma compressão nos múltiplos de lucro. Como assim? Se hoje o índice S&P 500 negocia a um múltiplo de 19x o lucro projetado para o próximo ano, tal múltiplo poderia ser reduzido para próximo a sua média histórica de 15x. Isso, por si só, representaria um forte recuo nos preços das ações.

Mas, aí você pergunta: Por que isso afetaria o Brasil se não vemos sinal algum de inflação no horizonte?

Bem, o Brasil sempre foi um país dependente de capital estrangeiro. Mesmo neste longo período de adversidade vivido entre 2014 e 2016 recebemos bilhões de dólares de investimento direto vindo do exterior. Uma taxa de juros maior em países desenvolvidos tornaria o critério de investimento mais rígido, reduzindo a atratividade de países com "rating" especulativo como o Brasil.

Por tudo isso, seja criterioso ao decidir como investir seu dinheiro. Já tendo vivido diversas fases no mercado, juro que não me impressiono com notícias de gestores no Valor Econômico afirmando que o Ibovespa vai para 110.000 pontos. Isso sempre ocorre em fases como essas: aconteceu em 1997, aconteceu em 2008, e no início de 2015. Siga com cautela. Caveat Emptor!

Marink Martins

www.myvol.com.br