Cuidados ao comprar ações para o longo prazo

22/08/2017

Jim Cramer, aquele famoso âncora do programa da CNBC "Mad Money", normalmente dedica o programa das sextas-feiras para ensinar seus ouvintes sobre controle de risco. Uma de suas lições diz respeito ao planejamento necessário antes de se tomar uma atitude no mercado de ações. Cramer é enfático ao dizer que, antes de se colocar uma ordem de compra de ações, o investidor deve ter em mente, de forma clara, se sua compra é especulativa ("trading" de curto prazo) ou se é um investimento (longo prazo). Uma das piores coisas a ser feita no mercado de ações é transformar o que era para ser um "trade" de curto prazo em um investimento de longo prazo. Se pensarmos com frieza, veremos que este tipo de atitude é, de fato, uma incoerência. Mas, mesmo assim, todo mundo faz, ou pelo menos, já fez isso em algum momento.

Agora, caso o investidor esteja decidido a comprar ações levando em consideração um horizonte de investimentos mais longo, isto é, fazer um investimento, Cramer diz que comprar todo o lote, de uma única vez, é pura ARROGÂNCIA! Ele argumenta que o investidor deve dividir o lote planejado em algumas partes, espaçando-as e executando-as sempre que houver um recuo no preço da ação desejada. Desta forma, há uma maior probabilidade de que o investidor conseguirá um melhor preço de entrada. O curioso é que esta estratégia é exatamente oposta ao que deve ser feito caso a intenção da compra seja especulativa. Neste caso, o investidor deverá evitar fazer o famoso "preço-médio", que é o ato de ir aumentando o lote de ações conforme o preço desta vai caindo. Isso é um erro comum e, quase sempre, resulta em perdas. O curto espaço de tempo dedicado a tal operação simplesmente não é o suficiente para que os preços voltem ao preço original. Pior ainda, é quando, diante de uma perda no curto prazo, o investidor resolve se convencer de que pode transformar aquele "trade" problemático em um investimento de longo prazo. Sem saber, tal investidor está sendo vítima de diversos vieses cognitivos; dentre eles, o viés da confirmação assim como o de aversão à perdas. Um outro equívoco em situações de perdas no curto prazo, está associado a decisão do investidor de buscar um outro ativo correlacionado para fazer "hedge" de sua posição problemática. Muitas vezes o investidor, abatido emocionalmente pelo prejuízo, entra em um estado de negação e busca sair de tal situação buscando proteção via uma venda no índice futuro, ou mesmo vendendo a descoberto uma ação de uma empresa do mesmo setor. Tal decisão normalmente resulta no que, em inglês, é conhecido como "double whammy", que nada mais é do que aqueles momento em que o investidor perde nas duas pontas. Por tudo isso, faça como Jim Cramer. Planeje suas operações e busque controlar sua ansiedade. Caso opte por operar no curto prazo, planeje seu "stop" e o respeite, pois além de manter o tamanho do prejuízo dentro do controle, você se sentirá bem, orgulhoso de sua disciplina e melhor preparado para sua próxima decisão.


Marink Martins, CNPI

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