De "buying on dips" para "selling on rallies"!

04/03/2018

Ao contrário de Obama, que buscava influenciar as regras do comercio global através parcerias como a do "Trans-Pacific Partnership" (TPP), Trump decidiu atuar de forma unilateral. Ao tributar as importações de aço e alumínio, o governo americano irritou diretamente os governos do Canadá, da Coréia do Sul, do Japão e da Alemanha. A China, que é acusada de inundar a economia americana de produtos baratos, sofreu um impacto menor por exportar muito pouco aço diretamente aos americanos.

E Trump não para. Ontem mesmo, antes que os governos europeus pudessem se manifestar em termos formais, disse que se retaliarem, tributará a entrada de carros europeus no país. Com os alemães decidindo dar a Angela Merkel mais um mandato, a resposta alemã já está no forno, pronta para sair, e poderá contribuir para uma maior instabilidade nos mercados.

Mais importante, entretanto, é a mudança de postura do governo americano, tanto no que diz respeito ao comércio global como no que diz respeito as relações sino-americanas. Primeiro foi Steven Mnuchin dizer que um dólar fraco é de interesse dos Estados Unidos. Segundo é uma mudança nas diretrizes relacionadas ao comercio EUA-China.

Se antes tal relação era comandada por "globalistas" liderado pelo financista Gary Cohn, agora tal relação passa a sofrer uma intervenção maior advinda dos "linhas duras" da área de segurança nacional, liderada por Jim Mattis.

Enquanto os "globalistas" preocupavam-se em lutar para um maior acesso ao mercado chinês, os "linhas duras" tem como desejo impedir que a China avance do ponto de vista tecnológico e não represente uma ameaça à soberania global americana.

O problema maior é que é praticamente impossível impor sanções comerciais ao desenvolvimento tecnológico chinês sem que tal medida não impacte a lucratividade das empresas de tecnologia norte-americanas.

Por isso, caso os EUA avancem neste processo de intervenção no comércio global, as repercussões para as bolsas de valores podem ser catastróficas. Por que? Pelo fato de que este "bull market" é extremamente dependente do avanço das ações do setor tecnológico. Qualquer ameaça ao crescimento da lucratividade destas empresas pode implicar em uma severa correção de múltiplos!

Além disso, vivemos em um mercado dominado pelo uso de ETFs (cestas de ações negociadas em bolsa). Tais ETFs aumentam de forma significativa a vulnerabilidade dos mercados.

No início de fevereiro os mercados tornaram-se voláteis. Houve saídas de aproximadamente US$35 bi em ETFs, e o que vimos foi um mercado que não apresentou alternativas defensivas. As correlações, como sempre instáveis, aproximam-se de 100% em situações de RISK OFF. Imaginem se a saída de recursos fosse na esfera de US$150bi em ETFs; certamente, seria um caos. 

Por tudo isso, sugiro que você, investidor informado, focado nos mercados internacionais, passe a adotar uma postura mais conservadora.

Substitua o caiu/comprou ("buy on dips"), pelo subiu/vendeu ("sell the rallies")!

Chamei sua atenção ao aumento das volatilidades implícitas no fim de janeiro. O movimento continua e tende a se intensificar. Com isso, os mercados apresentarão muitos zigues-zagues, e você deverá aproveitar os "rallies" de mercado para diminuir sua exposição. Pois, em situações como estas onde a diversificação se torna ineficaz, a única coisa que você tem a fazer é diminuir sua exposição a ativos de risco.

Marink Martins

www.myvol.com.br