De uma Guerra Comercial para uma Nova Guerra Fria

25/07/2019

Em entrevista concedida à CNBC, Steven Mnuchin, secretário do tesouro americano, foi questionado diretamente a respeito da política cambial do país. Perguntou o jornalista:

- Você ainda é a favor de uma política de dólar forte?

Mnuchin tentou se esquivar ao mencionar que foi mal interpretado pela mídia em encontro realizado em Davos durante o ano de 2018. Mesmo assim, pressionado, ele respondeu de forma coletiva em nome do governo Trump:

- Somos a favor de um dólar forte no longo prazo. Não há como negar que, no curto prazo, há uma imensa demanda por dólares...

A minha interpretação ao ouvir tal entrevista foi de que o tesouro americano se prepara para adotar medidas para enfraquecer o dólar no curto prazo. Reitero aqui a expectativa de que ocorra uma espécie de Acordo de Plaza Light onde o dólar se enfraqueceria relativo a moedas de países emergentes. Tudo isso poderá ser tema da reunião entre representantes dos dois países já na semana que vem.

Ainda que a mídia financeira se mostre esperançosa quanto a um eventual acordo, há sinais preocupantes no que diz respeito ao conflito.

Os EUA provocam os chineses ao permitir que um de seus navios cruze o estreito de Taiwan. Já os chineses ameaçam utilizar força militar para frear as manifestações em Hong Kong.

Vale destacar também a notícia de que a Alibaba pretende promover uma listagem secundária de suas ações na bolsa de Hong Kong. Esta semana a China inaugurou uma nova bolsa dedicada a atrair empresas inovadoras - uma resposta ao que é feito pelo NASDAQ nos EUA.

De acordo com Louis Gave, tudo isso é parte do que ele chama de uma Nova Guerra Fria -- uma que deverá representar uma mudança de paradigma.

Estamos entrando em um ciclo de des-globalização e de disrupção das cadeias de suprimentos globais. Tudo isso deverá ser negativo para o crescimento econômico global.

Nos últimos anos, empresas como a Apple se tornaram plataformas focadas em design com produção terceirizada principalmente na China. Temos agora uma reversão do processo. E não adianta pensar que o Vietnã será uma alternativa.

Aos poucos, muito do que foi discutido por aqui no MyVOL e na série de Podcasts que fiz pela Inversa começa a se materializar.

Embora a economia americana surpreenda em seu vigor, as gigantes do setor de tecnologia começam a exibir sinais de exaustão associados ao fato de terem se tornado grandes demais.

De grande relevância, devemos estar atentos ao comportamento do dólar. Esta semana tomei a decisão de comprar libra esterlina no âmbito da série Grupo do 1% que gerencio através da Inversa Publicações. Estou seguindo a intuição de Anatole Kaletsky que apresentou alguns argumentos interessantes que levam o leitor a crer que a probabilidade de um "Hard BREXIT" é bem menor do que a projetada nos mercados.

Vamos ver!

Aproveito para te convidar a baixar a versão traduzida do livro Clash of Empires, escrito por Charles Gave e Louis-Vincent Gave, caso você ainda não tenha feito. Basta acessar a página www.myvol.com.br

Marink Martins 

www.myvol.com.br