De volta ao "trade da convergência"

23/07/2021

Após a assustadora queda da última segunda-feira, o índice S&P 500 voltou com tudo; voltou em um "V" de Guedes! O que impressiona é o fato deste "repique" ocorrer de uma forma mais restrita ("low market breadth"), ao invés de uma forma mais abrangente. Nos últimos dois meses, só se fala em "Big Tech" como se ainda estivéssemos em 2020. Outros setores associados à busca por ações de "valor" --bancos, petrolíferas e mercados emergentes -- não acompanharam. Por isso, retomo aqui a ideia do "trade da convergência"; desta vez, um pouco mais otimista com as ações brasileiras apesar dos ruídos políticos.

Por "trade da convergência" entenda como uma sugestão de que um processo de reversão a média está para ocorrer entre ativos americanos e ativos estrangeiros. Não faz muito tempo, fiz justamente esta sugestão quando o IBOV recuou para 110.000 pontos em meio a ruídos orçamentários. Penso que agora uma oportunidade similar se apresenta.

Desta vez, entretanto, estou mais otimista com as ações de "valor" brasileiras devido ao fato de que há sinais mais pesados vindo do oriente. Com as ações asiáticas sofrendo com os impactos da variante delta, penso que há espaço, na margem, para que as ações brasileiras se beneficiem de um iminente movimento de rotação. Penso que os fluxos de recursos para emergentes possam vir um pouco enviesados para o Brasil diante das dificuldades em curso no outro lado do mundo.

Não há dúvidas de que ações como as da Petrobras, da Vale, do Itaú, da B3, da Ambev e de outras empresas tradicionais brasileiras estejam com uma precificação convidativa. Nesta semana, venho dando destaque às ações da Petrobras, pois, com a proximidade da divulgação do resultado do 2T21, o mercado deverá acordar para a forte geração de caixa que vem sendo gerada pela empresa. Dito isso, fica a pergunta: por que será que não vimos uma reação doméstica alinhada com o que estamos observando nos EUA?

Primeiramente, não temos um setor tecnológico dominante nos nossos índices de bolsa. Segundo, há um ceticismo pairando pelo mercado no que diz respeito a estes níveis registrados pelos principais índices americanos. Aqueles problemas com as "big tech chinesas" persistem. Nesta manhã, o KWEB (etf com ações de empresas de tecnologia chinesas) recua de forma significativa. Além disso, o dólar permanece relativamente forte contra as principais moedas globais. No passado, um dólar forte era um claro sinal de "risk off". Hoje, entretanto, um dólar forte representa busca por ações alinhadas com o atributo "growth".

Confesso que há riscos e o meu nível de convicção não está tão alto. Por tudo isso, caso decida embarcar em um "long/short" da natureza descrita acima, vá com cautela, e vá pequeno. Estamos chegando em agosto, um mês em que a VOL adora mostrar sua cara.

Tenha um ótimo fim de semana,

Marink Martins

www.myvol.com.br