Dia 8 de julho - dia de comprar VOL!

08/07/2019

Antes que eu elabore em mais detalhes a ideia sugerida no título acima, devo confessar um trauma de mercado. Sou traumatizado com o feriado do dia 9 de julho - Dia da Revolução Constitucionalista - devido a derrocada ocorrida no mercado brasileiro logo após este feriado no ano de 1997 que marcou o início da crise asiática. Era o meu primeiro ano atuando como trader e aquela queda fez com que o banco que eu atuava entregasse todo o resultado acumulado no primeiro semestre daquele ano em três semanas. Era um período de grandes sonhos, um período em que o Brasil parecia estar fadado a dar certo. Íamos privatizar tudo - Petrobras, Cemig, Copel, Celesc, Banco da Amazônia - além disso, íamos gerar um superávit primário que manteria a nossa moeda estável! Só faltava combinar com os russos!

Recentemente, comentei que no domingo que precedeu o BLACK MONDAY em 1997 a fala do então secretário do tesouro americano, James Baker, dizendo "promovam uma valorização no marco alemão ou iremos desvalorizar o dólar" foi um dos catalisadores para a maior queda percentual registrada até os dias de hoje na bolsa americana.

Se pensarmos de forma crítica, Trump, ao mencionar na semana passada que "os EUA devem entrar no jogo da manipulação cambial assim como fazem a Europa e a China", disse algo não muito diferente ao que foi dito por James Baker em 1997.

Há certamente muitas semelhanças entre os dois momentos em questão. Mas há também muitas diferenças. Não há motivo para pânico, nem para imaginar que algo daquela magnitude irá acontecer novamente. Pode até ser que um dia aconteça, porém, estruturar seus investimentos na expectativa de um evento tão raro como aquele é algo que a priori me parece improdutivo e custoso.

Dito isso, trago este tema novamente pois vivemos um período marcado por uma enorme euforia entre os investidores brasileiros. Estão todos comprados a espera do investidor estrangeiro. E se ele não vier?

Continuo a acreditar que o valor relativo do dólar ainda é a variável principal dentro do triângulo abaixo que ilustra os 3 principais preços na economia global; o quarto elemento refere-se ao spread entre as taxas dos "treasuries" e as taxas no mercado de títulos especulativos (os "high yields").

Neste sentido, podemos afirmar como regra de bolso que a relação entre o dólar e o iuane vem funcionando como um importante termômetro para o comportamento dos mercados. Períodos em que o iuane se valoriza frente ao dólar tem sido interpretado como períodos de alta, de RISK-ON. O oposto, porém, coincide com períodos de RISK-OFF.

Aproveito para convidar a todos a assistir o Webnar gratuito e 100% online que irei participar as 20:30 nesta segunda-feira. O tema a ser discutido é o dólar! Para participar, clique aqui.

No momento em que escrevo este texto - madrugada desta segunda-feira - os mercados asiáticos registram quedas expressivas. A narrativa jornalística atribui como razão para queda o fato de que os dados do desemprego norte-americano divulgados na sexta-feira apontam para um FED mais cauteloso em sua próxima reunião no fim do mês. Mas há muito mais. Sempre há!

Nos últimos dias os principais países europeus oficializaram a iniciativa INSTEX que serve como uma câmera de liquidação concorrente ao sistema americano conhecido como SWIFT. E tudo isso tem a ver, dentre muitas coisas, com o desejo europeu de continuar transacionando com o Irã que sofre sanções econômicas dos EUA. E aí, como será a reação norte-americana a esta conduta europeia? No passado a divisão norte-americana do banco francês BNP-Paribas foi multada por intermediar uma negociação entre a França e o Sudão, país que na ocasião sofria sanções norte-americanas. A percepção de que os EUA abusam do seu poder de emissor da reserva de valor global é um dos fatores que contribui para a transformação do sistema monetário global que já está em curso.

Por tudo isso, concluo esse comentário com a sugestão de que o leitor considere alternativas de proteção de carteira via contratos futuros do Ibovespa, via venda a descoberta do ETF IVVB11 (aposta dupla - S&P 500 + câmbio USD/BRL), via compra de contratos de opção de venda (PUT) de BOVA11 e outras alternativas. Quando o assunto é investimentos ou proteção de carteiras, cada caso é um caso; não há uma solução universal. Sendo assim, avalie cuidadosamente sua estratégia. Vale lembrar que a maior proteção é estar investido sem alavancagem com recursos que não deverão ser resgatados em um prazo inferior a um ano.

Marink Martins

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