E agora, o que fazer?

01/06/2020

Optei por um título vago, buscando refletir nossas incertezas sobre o mercado, sobre a política, sobre nossas vidas em meio a uma tentativa de normalização que começa a se desenhar ao redor do mundo. Aqui na cidade maravilhosa, o nosso governador apresenta hoje seu plano de reabertura da economia. Mas, para efeito desta coluna, o que realmente importa é o que esperar dos mercados neste dia, nesta semana e neste mês que se iniciam.

Neste sentido, apesar de tudo que se passou ao longo deste sábado e domingo de rebeldia global, acredito que o mais importante seja a peculiaridade do fechamento do mercado local na última sexta-feira. Refiro-me ao leilão de fechamento que envolveu bilhões de reais e que contribuiu para uma valorização de 2% nas ações da Petrobras. Outras ações também foram impactadas, mas, a essa altura o leitor já deve saber que a minha atenção está toda voltada à Petrobras e seus derivativos.


Ouça o áudio MyVOL Analítico, ao clicar abaixo:


A tarde de sexta-feira foi das mais interessantes. O mercado entrou em compasso de espera pelo discurso de Trump a respeito da China e reagiu as  suas palavras iniciais com bastante ceticismo.

Em seguida, ao entender que o discurso provocara mais barulho do que consequências econômicas, os mercados se recuperaram rapidamente.

As ações da Petrobras, que vinham meio largadas ao longo do dia, mais uma vez mostraram uma reação nos minutos finais e passaram a liderar o índice. No fim, o mega leilão, que contou com compras superiores a um bilhão de reais, contribuiu para uma forte valorização no à vista. Faltando dois minutos para o fim do leilão das opções, os agentes correram para "arbitrar" a diferença, mas a falta de liquidez não ajudou muito.

Gráfico do preço de Petrobras PN nos últimos dias. 

Com base em tudo isso, a primeira hora de pregão desta segunda-feira promete uma maior volatilidade devido ao fato de que leilões impactantes, como o ocorrido na sexta, tendem a promover certos desequilíbrios de mercado.

Encerro o texto chamando atenção a um comentário feito pelo gestor Márcio Appel, fundador da Adam Capital, ao longo dos últimos dias. Disse ele, mais ou menos assim: "as bolsas, aqui e lá fora, só são justificáveis diante da manutenção de juros baixíssimos". Bem, o Márcio está cético com a recente alta, e eu também. Isso, contudo, não quer dizer que não existam formas não-direcionais de se ganhar dinheiro nos dias de hoje. Ainda que os prêmios das opções já não estejam tão "gordos" como aqueles vistos em março e abril, ainda existem boas oportunidades de se obter bons retornos em uma relação de risco-retorno bem mais interessante do que simplesmente carregar uma posição comprada seca* neste mercado.

* uma compra seca é aquela feita sem proteção, diferente de outras formas mais estruturadas como uma trava de alta, uma compra hedgeada, e outras alternativas. 

Marink Martins

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