E o ombro-cabeça-ombro no Nasdaq?

23/09/2020

Não sou analista técnico e confesso que evito fazer comentários nesta seara para não passar vergonha. Contudo, a figura do ombro-cabeça-ombro é tão clássica que não consigo ignorar.

Será que teremos uma queda que rompa a linha de pescoço e coloque o índice Nasdaq em tendência de queda?

Embora eu não tenha como te fornecer uma resposta precisa, posso argumentar aqui que há indícios que me levam a crer em quedas adicionais neste importante índice.

Primeiramente, as ações da TESLA despencaram na noite desta terça-feira em meio a frustrações dos agentes diante do evento intitulado como "Battery DAY". Neste evento, Elon Musk, fundador e CEO da empresa, buscou ser cuidadoso com suas projeções após alegações de exageros nas projeções ter derrubado o CEO da empresa NIKOLA, que também atua no segmento de carros elétricos.

Além disso, reitero aqui o argumento que venho apresentando ao longo das últimas semanas que tem a ver com a distância entre a volatilidade implícita do índice S&P 500 (VIX, por volta de 27%) e a volatilidade implícita associada aos contratos de opções associados as ações da Apple (por volta de 52%).

Observe, através do gráfico abaixo, que esta distância, ou "spread", embora tenha diminuído nos últimos dias, permanece elevadíssima, representando, em minha opinião, um importante sinal de que há um maior espaço para quedas nas próximas semanas.

Discuti este indicador em maiores detalhes através do vídeo MyCAP Tendências Globais que você pode acessar clicando aqui

Vivemos em um momento em que o desempenho do Nasdaq 100 passou a ter bastante relevância para os mercados globais. Afinal, o Nasdaq 100 reúne muitas das empresas do setor de tecnologia que vem se beneficiando deste fenômeno pós-pandemia denominado de "Stay-at-Home" (fenômeno do "fique em casa"). Assim, quando o índice cai, arrasta consigo diversos ativos globais que também vem se beneficiando deste fenômeno. Aqui no Brasil temos algumas empresas do varejo digital cujas ações vem se comportando de forma fortemente correlacionada com empresas do Nasdaq.

Por tudo isso, é importante que o leitor interessado nos movimentos de curto prazo dos mercados fique sintonizado com o desempenho do Nasdaq.

Não podemos esquecer a eleição presidencial nos EUA. Na semana passada relatei por aqui que as pesquisas feitas até o momento indicam Joe Biden como o favorito. Na semana que vem temos o primeiro debate presidencial. Será um momento importante para que o mais articulado Donald Trump consiga equilibrar a disputa. Vamos ficar atentos.

Marink Martins  

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