E se a Uberização não der certo?

18/02/2020

A UBER certamente ajudou as nossas vidas, barateando significativamente o custo de ir do ponto A ao ponto B. O mesmo não pode ser dito no que diz respeito aos efeitos provocados nas vidas dos concorrentes. Taxistas, donos de empresas de ônibus e de outros operadores de transportes coletivos não compartilham da mesma admiração que temos pela start-up californiana.

Uma pergunta pertinente ao modelo é a seguinte: seria possível a existência da UBER em um cenário onde a liquidez global fosse mais restrita, com taxas de juros em níveis mais elevados?

Tal questionamento é válido devido ao fato de que, não só a UBER, mas inúmeras outras start-ups como AirBNB, WeWork, Jull, Spotify, e outras, dependem de dinheiro barato para promoverem a tal disrupção que é, ao mesmo tempo, uma benção para o usuário e um pesadelo para concorrência. Aliás, seria tal concorrência justa? Bem, se você está se beneficiando dela,  esta pergunta é certamente inadequada.

O meu ponto aqui é que este fenômeno, chamado por alguns de UBERIZAÇÃO, que através do uso de tecnologias inovadoras promove uma tremenda consolidação no setor, necessita se provar sustentável. Até o momento o que temos são promessas, pois a própria UBER, até o momento, ainda não registrou um trimestre sequer de EBITDA positivo.


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"Quem paga esta conta?" perguntaria o mais afoito! Bem, isso nos leva a uma das passagens mais interessantes do livro "The Big Short" (A Grande Aposta) que inspirou o filme de mesmo nome produzido por Adam McKay. Em um determinado momento é perguntado ao trader do banco alemão, Deutsche Bank, quem é o comprador final daqueles títulos tóxicos que estavam prestes a virar pó. No que ele responde: as viúvas de Dusseldorf. (cidade localizada no oeste da Alemanha).

Hoje, quem financia a UBER e outras empresas disruptivas são os fundos de pensão globais ávidos por crescimento a qualquer preço. Até o momento tudo que eles conseguiram foram promessas.

E se a UBER não der certo? Engana-se aquele que acha que a consequência será simplesmente uma queda no preço de suas ações. Não devemos ignorar o estrago que todo este processo vem provocando na oferta de serviços. Não quero aqui me posicionar contra o que está em curso, mas sim trazer a tona os riscos inerentes nestes processos de consolidação onde o vencedor leva tudo, e os menores padecem. A narrativa predominante é aquela de que tudo isso é um processo irreversível. A verdade, porém, é de que este processo ainda se encontra em fase de testes podendo resultar em um fiasco resultando em um choque de oferta na economia global. O grande teste ocorrerá no momento em que o custo do dinheiro se elevar. Sim, esta é uma possibilidade a ser contemplada!

Marink Martins

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