Em busca de um vetor resultante

15/03/2018

Ao fazer a minha análise noturna dos mercados globais, lembrei-me da época da escola quando resolvia exercícios de física buscando achar um vetor e magnitude para o resultado entre duas forças agindo em direção opostas.

Não há dúvidas que representantes de governos, seja aqui, nos EUA, ou qualquer lugar do planeta, desejam a contínua valorização das bolsas. Uma bolsa em alta representa maior riqueza, mais confiança do consumidor, e ultimamente, uma maior arrecadação.

Nos EUA, onde mais da metade de sua população possui uma posição acionária, a defesa da continuidade do "bull market" por parte de representantes do governo e da mídia chega a ser preocupante.

Ontem mesmo, Larry Kudlow, o novo assessor econômico de Trump, em substituição a Gary Cohn, foi claro em sua entrevista que deseja ver a bolsa subindo, em um ambiente de moeda estável. Kudlow, que teve passagem no governo Reagan, passou os últimos 30 anos atuando pela CNBC como comentarista. Ele é um ávido defensor do livre comércio e de uma política cambial que ele adora chamar de "king dollar".

Entretanto, há duas forças, em direção oposta, que representam uma ameaça a tal continuidade de valorização nas bolsas. Uma delas é o ressurgimento de forças nacionalistas e protecionistas direcionadas a China. Já falei, ao longo da semana, que é difícil impor sanções ao gigante asiático sem prejudicar multinacionais americanas que atuam por lá.

Um outro argumento, este mais técnico, é que o mercado começa a mostrar sinais de cansaço neste momento em que completa 9 anos de mercado altista desde sua mínima registrada no dia 9/3/2009. Um sinal de tal cansaço pode ser visto através do gráfico abaixo, ilustrando o ETF SPY (atrelado ao índice S&P 500) e os demais ETFs setoriais associados ao índice, onde todos os setores, com exceção do setor tecnologia, mostram fraqueza desde a derrocada dos mercados no início de fevereiro. Todos os ETFs setoriais, com exceção do XLK (tecnologia) estão negociando abaixo de uma importante média móvel.  

Por isso, venho afirmando através de meu site, que uma boa alternativa para monitorarmos o ímpeto do mercado americano é através de uma comparação entre as performances do próprio índice S&P 500 com aquela do ETF MTUM, que investe em ações que exibem um elevado "momentum" de mercado.

Por "momentum" devemos entender como aquilo que está em movimento. Trata-se daquele conceito que é mais fácil parar uma bicicleta andando à 30 km/h do que um ônibus à mesma velocidade. Tal ETF é uma cesta que investe em ações que estão "dando certo"; aquelas que mais se valorizaram recentemente. É uma aposta de que o que está dando certo, tende a continuar performando bem.

Venho monitorando tal indicador intensamente. O que é impressionante, e é bem ilustrado pelo gráfico acima, é que, mesmo nos períodos mais voláteis, o ETF MTUM mostrou resiliência relativa ao comportamento do S&P 500.

Para finalizar e simplificar, sugiro aos investidores que monitorem os três ativos (S&P 500, MTUM, e o VIX) na tabela abaixo buscando detectar sinais de uma tendência de mercado. Acredito que, enquanto o MTUM se mantiver forte relativamente ao S&P 500, maior é a probabilidade de continuidade do "bull market".

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