Esse gráfico é a minha melhor defesa de tese!

21/07/2019

Esse gráfico, preparado pelo FED de St. Louis, nos mostra o percentual do patrimônio em ativos financeiros das famílias norte-americanas que está alocado em renda variável. O ponto mais recente, registrado no primeiro trimestre de 2019, indica que 32,8% deste total estava em renda variável. Com a alta na bolsa registrada no segundo trimestre, posso apostar que este percentual já está novamente acima de 35%.

Observe ao olhar o gráfico cuidadosamente que, historicamente, o patamar de 35% é um patamar extremamente elevado. O ponto máximo deste gráfico foi de 38,76% ocorrido no primeiro trimestre do ano 2000, no auge do que ficou conhecido como a bolha do Nasdaq. Subsequentemente, tivemos um pico de 32,56% no segundo trimestre de 2007, e outro de 31,54% no segundo trimestre de 2015.

Todos estes pontos representaram uma barreira para os mercados. Em 2015, entretanto, tal ponto não levou a uma recessão devido a intervenções maciças feitas pelos bancos centrais em fevereiro de 2016, em um sincronismo global que ficou conhecido como Acordo de Xangai.

Escrevo tudo isso para te chamar atenção que agora estamos em um ponto superior a 35% que faz com que o grau de atratividade do mercado americano não seja muito interessante.

Isso quer dizer que a bolsa americana irá despencar? Não necessariamente. Mas sinaliza sim que os retornos subsequentes tendem a ser pífios.

Ahh, mas o retorno registrado no primeiro semestre no índice S&P 500 é superior a 15%!

Sim, é verdade! Entretanto, o retorno anualizado calculado tomando como base o mês de janeiro de 2018 e já incluindo dividendos é de 6,3%. Nada mal, porém, bem inferior ao patamar registrado neste primeiro semestre de 2019.

Aquele que comprou ações no auge do S&P 500 em março do ano 2000, obteve um retorno anual médio nos cinco anos subsequentes de -2,2% (isso sem descontar a inflação; se incluirmos a inflação, o retorno anual real foi de -4,56%).

Em síntese, a análise tende a ser bem intuitiva. Se "todos" já estão comprados em ações, quem será o comprador "marginal"? Esse comprador "marginal" tem sido as próprias empresas recomprando suas próprias ações. Isso pode continuar? Sim. Até quando? Não sei. O meu argumento aqui é que conforme o percentual alocado em bolsa vai subindo fica cada vez mais difícil superar a força da gravidade presente nos mercados.

O mais otimista pode argumentar que, em um cenário onde a taxa de juros real passa a ser negativa, o percentual alocado em bolsa tende e deve ser superior ao registrado ao longo da história. O argumento não está incorreto. Dito isso, a alta americana é uma bem concentrada em empresas de grande porte, participante de ETFs. Além disso, as taxas de juros na Europa estão ainda mais baixas e, mesmo assim, suas ações já não se valorizam mais. 

E quanto ao IBOV? Será que este consegue manter o ímpeto altista mesmo em um cenário adverso vindo do exterior? Isso é um assunto que irei explorar nos próximos textos.

Marink Martins

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