Everybody loves a Quant!

05/09/2018

Não é à toa que cresce o interesse por estratégias quantitativas.

Reduzir o grau de subjetividade das análises é algo que se torna cada vez mais atrativo uma vez que se eleva o nível de complexidade nos mercados.

E aqui, vale explorar um pouco o verdadeiro sentido do que quero dizer ao afirmar sobre a complexidade dos mercados. A complexidade é uma medida de imprevisibilidade diante de um maior número de fatores afetando um determinado sistema.

Um ótimo exemplo é o conhecido movimento browniano de partículas suspensas em um fluido. Você simplesmente não tem como detectar sua trajetória devido ao incontável número de choques entre partículas e átomos.

Os mercados certamente estão longe de tamanha complexidade. Mesmo assim, vivemos em um mundo interconectado onde a informação flui por todos os lados de forma cada vez mais rápida.

Por tudo isso as estratégias que apresentam um maior grau de objetividade se mostram mais interessantes. Tal busca, intuitivamente, bebe na fonte de um princípio conhecido como a Navalha de Occam que afirma que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir a menor quantidade de premissas possível.

E buscando ser objetivo aqui, compartilho com você uma das principais métricas utilizadas pela Gavekal para determinar o grau de atratividade de um mercado de ações.

Trata-se do "spread de Wicksell". Já falei sobre este conceito por aqui e o revisitaremos sempre que necessário.

Tal "spread" busca medir a diferença entre o custo de capital das empresas em comparação ao retorno sobre o capital investido (em inglês, ROIC) em um determinado mercado.

Sendo assim, a Gavekal inicia o mês de setembro com um tom mais otimista quanto ao mercado americano, apesar de seu fundador, Louis Gave, apresentar-se um pouco mais cético.

Observe que é muito comum e saudável que haja discordâncias entre analistas. Na Gavekal, Louis vem exibindo um maior ceticismo com as ações americanas enquanto Anatole Kaletsky, mais construtivista, vem acertando há 3 anos a tendência deste que é o mais longo "bull market" da história americana.

De volta ao "spread", o que o gráfico abaixo nos mostra é um espaço confortável entre o retorno e o custo do dinheiro.

No gráfico acima, é importante entender que o custo médio do capital (linha preta) ainda está confortavelmente abaixo do retorno médio do capital investido (linha amarela). Quanto maior for o "spread" (diferença), maior deve ser a alocação destinada a renda variável.  

Isso, naturalmente, não quer dizer que os mercados não possam sofrer uma pressão vendedora. Na verdade, ao longo deste "bull market" os mercados sofreram algumas correções que se provaram passageiras, obviamente.

Para finalizar, compartilho também a visão de Jonathan Golub, estrategista chefe do Credit Suisse, que prevê crescimento na lucratividade das empresas americanas entre 7% e 8% para 2019. Golub estabeleceu como preço alvo para o índice S&P 500 o patamar de 3.350 pontos, o que corresponde a uma alta de aproximadamente 15% até o fim de 2019. Como diriam os americanos, NOT TOO SHABBY!

Um bom dia a todos,

Marink Martins

www.myvol.com.br