Evitai-vos teorias conspiratórias!

15/02/2018

Se você é daqueles que está presente diariamente nos mercados, com um foco em um único mercado ou um único ativo, é bem provável que, diante de movimentos de preços bruscos como os registrados ao longo dos últimos dias, acredite que haja um movimento conspiratório justamente contra você. Isso é um sentimento natural. Ocorre nos esportes, ocorre nas bolsas e em praticamente qualquer atividade onde haja competição.

Com foco nas ações da Vale, acompanhei um mercado que, após registrar uma forte queda no início da tarde de sexta-feira, virou para alta com enorme ímpeto, registrando uma variação de ponta a ponta de 8,30% em um período que durou menos dois pregões. O fato de seu preço de fechamento ter caminhado para um patamar próximo ao centro de uma enorme operação de "borboleta" no mercado nos faz pensar que tudo não passa de uma enorme manipulação. Artimanhas do Credit Suisse, do UBS e do Morgan Stanley, quem sabe atuando de forma conjunta; tudo para para levar nosso capital.

Bem, embora tal sentimento não esteja 100% equivocado, é preciso driblar tal miopia e buscar olhar o todo. Neste mesmo período, as ações da US Steel, que embora seja uma siderúrgica, apresenta uma boa correlação com as ações da Vale, subiu no mesmo período quase 18%! Outras mineradoras seguiram ritmo similar.

As principais manchetes dos jornais financeiros dirão que os mercados "balançaram as roseiras" e removeram os "mãos-fracas" dos mercados. Sim, isso sempre acontece com os alavancados! Mas devemos reconhecer aqui que, mesmo depois da forte recuperação, os mercados ainda estão alguns percentuais abaixo de suas máximas. A tese de que a bolsa brasileira, ou as bolsas globais, como um todo, estejam baratas não me convence.

Dito isso, os mercados parecem ter superado um grande teste - uma normalização da volatilidade - e tal fenômeno tende a contribuir para a atratividade dos mercados emergentes. De acordo com a analista da Gavekal, temos um cenário favorável a tal mercado ancorado no crescimento econômico americano, retomada cíclica europeia, pouso suave na China e preço do petróleo mais elevado. Em sua opinião, tal cenário poderá ficar ainda mais favorável caso os EUA comecem a exportar dólares via um maior déficit em conta corrente por lá.

Como não há almoço grátis e a ambiguidade se faz onipresente nos mercados, viveremos com o risco de remoção dos estímulos econômicos por parte dos bancos centrais. Temos um novo líder no Fed e, ontem mesmo, circulavam rumores de Loretta Mester, presidente do Fed de Cleveland e uma conhecida "hawk", assumiria a posição de "vice-chairman" da instituição.

Finalizo aqui afirmando que a aquela relação entre o "momentum" do mercado (medido pelo ETF MTUM) e o índice S&P 500, em nenhum momento, se configurou de forma convincente a nos mostrar fraqueza no "bull market" norte-americano.

Marink Martins

Myvol.com.br

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