Evite aglomerações

Esta recomendação não é só útil para sua saúde, mas também para o seu bolso.

Refiro-me ao fato de que vivemos um período peculiar na bolsa brasileira. Nunca tivemos um volume de novos entrantes na B3 tão expressivo e tão jovem. Trata-se de um contingente que chega ao mercado atraído por narrativas transformacionais que, no curtíssimo prazo, podem se provar extremamente perigosas.

Sendo mais objetivo aqui, observe o que vem ocorrendo no mercado de opções brasileiro - um mercado que por décadas sempre foi considerado "monoproduto". Hoje, temos um mercado de opções bem mais robusto, com uma liquidez razoável em derivativos associados à uma dúzia de empresas.

Este fenômeno é certamente positivo. Contudo, observa-se uma enorme aglomeração de novos entrantes em opções de compra associadas a duas empresas: Via Varejo e Cogna Educação.

Quem ainda não ouviu falar na narrativa associada a "VARONGA"?

Pois é, esta narrativa vem provocando aglomerações no mercado de opções. Falei sobre isso na semana passada em meu podcast semanal "Mind The Gap" cujo título foi "Muitos Titulares para Poucos Lançadores". Não foi à toa que na sexta-feira passada as ações da Cogna Educação tomaram um tombo superior a 12%.

Para esta semana, os investidores devem estar atentos ao fato de que estamos há 10 dias do vencimento de opções. Entramos em um período mais volátil, onde os contratos de opções se depreciam de forma mais acelerada.

Uma análise do "mapa" publicado pela B3, com base no fechamento de sexta-feira, nos mostra que alguns contratos de opção de compra da Cogna Educação contam com uma relação de titulares/lançadores de 8 para 1. Na Via Varejo, embora esta relação mostre uma concentração um pouco menor, ainda se situa em níveis elevados de 4 para 1.

Sendo assim, a negociação destes ativos deve ser encarada com enorme cautela. Como o volume negociado nestes papéis tem sido expressivo, os investidores devem ter em mente que é possível que a volatilidade nestes papéis afete diretamente o comportamento dos demais ativos na bolsa.

Marink Martins