Expectativa de DXY mais forte e bolsas mais fracas

23/05/2019

Confesso que a forma "amena" como os agentes de mercado nos EUA vêm reagindo em meio ao impasse entre EUA e China é algo que vem me frustrando. Afinal, a cada dia que passa, temos mais evidências de que a cadeia de suprimentos entre os dois países - tão benéfica para o crescimento global nos últimos vinte anos - está sob ataque de forma a gerar impactos negativos na produção de diversas empresas importantes para o crescimento global.

São empresas que deixam de fazer negócios com a chinesa Huawei. São empresas importadoras de calçados que reclamam com o governo Trump sobre o aumento de tarifas. São reclamações vindas de diversas frentes evidenciando que, em última instância, é o consumidor norte-americano que irá pagar a conta.

Na minha opinião, tudo isso deveria ser o suficiente para contribuir para uma maior aversão ao risco nas bolsas, levando o índice S&P 500 para patamares próximos a 2.700 pontos. Além disso, temos as ações da TESLA em tendência de baixa apontando para um eventual problema de crédito associado a empresa. E como se não bastasse, problemas políticos na Itália voltam à cena, pressionando as ações dos bancos daquele país. Não devo deixar de fora também o recuo no valor da libra esterlina em meio a receios de um BREXIT sem acordo.

Na última sexta-feira, com base na análise de importantes estrategistas globais, a minha sugestão foi para que ficássemos de olho na relação entre o dólar e o iuane. Afinal, um iuane mais fraco passa a ser uma importante "arma" de guerra para que os chineses compensem as elevações de tarifas norte-americanas. O problema é que uma desvalorização da moeda chinesa é algo considerado péssimo para o crescimento econômico global, pois a China passa a exportar "deflação" para o resto do mundo.

Embora tal relação tenha se mantido estável nos últimos dias, hoje o dólar, de forma geral, começa a se valorizar. Temos o dólar index, o DXY, acima de 98; em um sinal de que é crescente o desconforto com o distanciamento entre Trump e Xi.

Aumentando ainda mais a complexidade da análise temos, no mercado local, um impulso positivo em direção a aprovação de reformas.

Sendo assim, fica o desafio sobre como reconciliar todas estas informações e traçar uma estratégia de curto prazo.

O melhor que posso oferecer ao leitor é dizer como pretendo fazer com o meu próprio capital. Na frente doméstica, mantenho a minha operação de busca de taxas através de opções estruturadas com as ações da Petrobras. Estou, entretanto, com um viés bem mais conservador, vendido em contratos de opções que estão dentro-do-dinheiro.

Já no cenário internacional, após duas semanas sem carregar posições na Carteira Global Pass, estou pronto para retornar ao mercado e explorar uma tese de um crescente "momentum" negativo associado as ações dos EUA.

Finalizo este texto reiterando a tese que apresentei em meu último MyCAP Tendências Globais: Há sinais de complacência na bolsa americana! O que ocorreu nos mercados do último período natalino até os dias de hoje me parece inconsistente com os riscos presentes na economia global. Proteja-se!

Marink Martins

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