Fim do ciclo de valorização?

14/12/2020

Venho argumentando através destes textos que viveremos o ápice do descolamento entre a economia real e os mercados nesta semana. A base da argumentação reside em alguns fatores:

  • Vencimento de contratos derivativos: temos diversos vencimentos nos próximos dias. No Brasil, vencimento de contratos futuros na quarta e de contratos de opções na próxima segunda-feira, dia 21/12. Nos EUA, vencimentos importantes nesta próxima sexta-feira, dia 18/12.

Não é novidade que os mercados (principalmente o americano) entraram em uma "tremenda" onda especulativa com opções de compra. Basta ver a relação conhecida como PUT-to-CALL RATIO para entender que o mercado se apresenta desiquilibrado, com muitos investidores pessoas físicas compradas em CALLs.

Não é à toa que, nos últimos dias, os índices americanos vêm apresentando uma volatilidade realizada que é inferior a volatilidade implícita nos contratos de opções.

  • Proximidade da disputa na Georgia: sabe-se que a decisão é extremamente importante no que diz respeito ao controle da agenda do congresso americano. Muitos analistas apontam este como o maior risco de curto prazo. Caso os democratas venham a vencer as duas vagas, eles terão maioria e, assim, poderão aprovar aumentos de impostos corporativos - algo temido pelo mercado.
  • Fim dos auxílios emergenciais - aos poucos, os auxílios emergenciais começam a desaparecer ao redor do mundo. No Brasil, caso de fato ocorra, deixará um enorme vazio no consumo. Nos EUA, embora um pacote econômico deva ser aprovado nesta semana, diversas iniciativas deixarão de vigorar a partir do primeiro dia de 2021. Aos poucos veremos que o tal processo de normalização não será tão normal como muitos esperam.
  • BREXIT - as negociações persistem, porém, o resultado tende a ser assimétrico. Um BREXIT sem acordo é algo que poderá deixar os mercados bem mais nervosos e fazer valer aquele pânico vivido pelos mercados diante da divulgação do resultado do plebiscito em 2016.

Por tudo isso e algumas outras razões, creio que nos aproximamos do fim do ciclo de valorização que se iniciou em meados de novembro, logo após a eleição de Biden e descoberta das vacinas. Para quem acompanha a estrutura a termo da volatilidade isso já se apresenta de forma um pouco mais clara, pois basta olhar para os níveis do VIX para os próximos meses para detectar que há tensões precificadas para esse início de 2021.

Marink Martins

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