Ignorem o Dow!!! Concentrem-se no índice S&P 500
É comum para pessoas que não estejam muito familiarizadas com os mercados internacionais que tomem o famoso e centenário indicador Dow Jones Industrial Average (DJIA) como um termômetro para o comportamento das bolsas americanas. Afinal, o DJIA, além de parecer simples e representar as 30 maiores empresas dos EUA, é o mais publicado e discutido pela mídia americana e internacional. O problema, entretanto, reside em sua forma de precificação. Ao invés de utilizar a capitalização de mercado como forma de estabelecer os pesos atribuídos a cada empresa do índice, o DJIA faz uso do preço da ação para atingir tal objetivo. Tal prática resulta em enormes distorções. Um ótimo exemplo é a ação da maior empresa norte-americana em termos de capitalização de mercado; a Apple. As ações da fabricante dos queridos Iphones estão presentes tanto no DJIA como no índice S&P 500, sendo que no primeiro, a Apple ocupa o quinto lugar em importância, enquanto que no segundo, ocupa a sua devida posição de empresa mais influente da bolsa. No índice DJIA as duas ações mais influentes, a Boeing e o Banco Goldman Sachs, representas juntas aprox. 15% do índice, sendo que em termos de capitalização de mercado, as duas somadas totalizam US$230 bi ou somente 30% da capitalização de mercado da Apple. Entenda que capitalização de mercado de uma determinada empresa nada mais é do que o preço de suas ações multiplicado pela quantidade de ações emitidas pela mesma (C=PxQ). Nos exemplos citados, tanto a Boeing como a Goldman Sachs, possuem preços de ações bem elevados ("P" elevado), porém, emitiram relativamente uma menor quantidade de ações ("Q" reduzido) do que Apple. Dito isso, esta forma distorcida de cálculo do DJIA, ainda que simples e tradicional, faz com que seu uso fique restrito à mídia e a investidores não-profissionais. Se você atua no mercado de forma profissional, faça como os gestores globais, ignore o Dow!
Marink Martins, CNPI