Imagina-se um novo paradigma no mundo corporativo! Será?
Imagina-se um novo paradigma no mundo corporativo! Será?
Se você é o presidente da Amazon ou da Netflix, a última coisa que você deve fazer é surpreender o mercado gerando lucros expressivos. É paradoxal, mas já há ampla literatura buscando explicar tal fenômeno. Nos dias de hoje o que mais importa é uma narrativa convincente; e nesse quesito, Jeff Bezos, CEO da Amazon, e Reed Hasting, CEO da Netflix, estão definitivamente à frente de seus rivais.
O orçamento da Netflix e da Amazon direcionado a geração de conteúdo supera os da NBC, CBS e HBO. De 2015 a 2016, a Amazon saltou da oitava para a terceira posição em fatia de mercado por horas de "streaming". Com o orçamento acima, é uma questão de tempo para que usuários migrem da Neflix para o Amazon Prime Videos.
Neste novo mundo atribui-se um maior valor de mercado às empresas dispostas a investir maciçamente para transformar tais narrativas em realidade. Para ser um protagonista, entretanto, é necessário ser visto como um "puro sangue" e não um "vira-casaca". Se você está acostumado a gerar lucros, continue! Tentar imitar a conduta dos consagrados visionários poderá ter um efeito perverso no preço das ações de sua empresa. Uma prova disso é estudar o que ocorreu com a Wal Mart ao comprar a Jet.com e tentar se parecer com a Amazon. Neste novo mundo só há espaço para um herói por segmento. Afinal, é a cultura do VENCEDOR LEVA TUDO ("The winner takes all").
Se, de fato, estamos diante de um novo paradigma, só o tempo irá dizer. Mas, por já ter acumulado um pouco de experiência no mercado, cabe informar que é muito comum detectarmos, após um longo ciclo de valorização nas bolsas internacionais como este que estamos vivendo, a presença de um sentimento de que agora é diferente; sentimento este que virou um cliché no mercado através da expressão, em inglês, "this time is diferent".
Lá atrás, nos anos 90, me surpreendi ao ver a querida Netscape, que em um determinado momento deteve 95% do mercado de navegação na internet, perder espaço tão rapidamente para um produto inferior como o Microsoft Explorer. Era uma época bem diferente. A Microsoft, embora hiper-rentável, nunca foi digna de afeto similar aos direcionados as 4 gigantes do presente.
A imagem acima, de forma lúdica, ilustra como cada uma das 4 gigantes da tecnologia vem nos afetando. Fonte: The Four, escrito por Scott Galloway
Hoje, com um EUA cada vez mais desigual, a ameaça de que tais gigantes enfrentem processos similares alegando posturas anti-competitivas passa a ser um dos maiores riscos para seus investidores. Ainda mais se considerarmos o fato de que, apesar da onipresença de mercado destas gigantes, elas conseguem, de forma astuta, pagar menos impostos do que suas concorrentes do mundo tradicional. Tudo indica que é uma questão de tempo para que o Tio Sam as chamem para uma conversa um pouco mais séria.
As 4 gigantes da nova economia pagaram, em média, um percentual bem inferior à média de 27% em impostos pagos pela típica empresa que compõe o índice S&P 500.
Em suma, julgo importante lembrar aos leitores que, historicamente, sempre quando O LUCRO saiu de moda, seu desaparecimento representou o prenúncio de que uma correção de preços dos ativos de risco se aproximava. Dito isso, é importante ressaltar que mesmo que venhamos a ter uma certa "balançada de roseira", nem todas as "pétalas" cairão. Embora empresas como Pet.com e Webvan tenham sido dizimadas com o estouro da bolha do Nasdaq em março do ano 2000, empresas como a própria Amazon, a Ebay, a Yahoo e a Red Hat afloraram, transformando a forma como vivemos.
O grande risco, porém, advém da esfera regulatória. Para Scott Galloway, autor do livro THE FOUR, a Amazon será a primeira empresa a atingir uma capitalização de mercado de US$1 trilhão. Isso deverá acontecer até o ano de 2020. Depois disso, entretanto, Scott diz que os reguladores farão o que sempre fizeram: Desmantelá-la!
Uma boa semana a todos,
Marink Martins, CNPI
myvol.com.br