Investimento Impulsivo

04/12/2020

Ontem, em entrevista ao programa Fast Money da CNBC, Aswath Damodaran - considerado um Deus quando o tema é "valuation" - disse que investimentos em ações de empresas como a Zoom e a Peloton poderiam ser classificados como "lazy investing". Preferi traduzir "lazy investing" como investimento impulsivo ao invés de me ater a tradução literal que indicaria uma forma "preguiçosa" de se investir.

O que Damodaran realmente quis dizer era que, diante da pandemia, investidores compraram as ações da Zoom e da Peloton de forma indiscriminada, sem fazer conta, embarcando em narrativas transformacionais.

E não é que deu certo! Aqueles que compraram tais ações quadruplicaram os seus recursos.

Todavia, o meu objetivo aqui nestes comentários é buscar gerar valor ao leitor contribuindo para que ele consiga discernir entre estratégias, buscando aquelas que sejam sustentáveis e replicáveis.

Não me entenda mal. Ganhar dinheiro é sempre bom. Queria eu ter comprado Zoom, Peloton e Magalu no auge da crise.

O que busco transmitir aqui é que comprar ações ignorando por completo princípios básicos de valuation é algo que, no longo prazo, tende a ser problemático para o seu bolso.

É incrível o número de empresas nos EUA que negociam a um múltiplo de 30x vendas.

Aqui no Brasil temos um IPO que está por vir - o maior do ano - em que a empresa emissora cresceu sua lucratividade a uma taxa de 30% ao ano desde 2013. A empresa parece ser sensacional. Contudo, o preço das ações chega ao mercado embutindo um otimismo de assustar qualquer investidor um pouco cauteloso.

Concluo este texto afirmando que nunca - pelo menos nos últimos 20 anos - os preços estiveram tão descolados de seus fundamentos. O próprio Damodaram, ao discutir as perspectivas da TESLA, afirmou que, para justificar os níveis de preços atuais, a empresa terá que entregar um nível de crescimento jamais obtido por uma empresa americana (dentre as empresas cujo valor de mercado é superior a um determinado valor). Isso não quer dizer que TESLA e cia não podem ficar mais caras. Dito isso, o comprador deve estar consciente da natureza do terreno em que anda.

Marink Martins

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