Jeffrey Gundlach avisou: se o rendimento dos "treasuries" subir, sai de baixo!

04/10/2018

Após um forte "rally" nas ações de empresas estatais potencializado pela consolidação do candidato Jair Bolsonaro nas pesquisas, o mercado local acorda nesta quinta-feira assustado com uma possível inflexão nos mercados internacionais devido à forte elevação nas taxas de juros dos títulos do tesouro americano nesta quarta-feira.

Abaixo, seguem algumas fontes de preocupação que deverão contribuir para uma maior aversão a risco nesta quinta-feira:

  • A alta no rendimento dos "treasuries" foi a maior registrada desde o dia 10 de novembro de 2016, logo após a eleição de Trump.
  • Há tempos, Jeffrey Gundlack, conhecido como o rei da renda-fixa nos EUA, vem nos alertando sobre uma possível reversão nos mercados de renda variável caso o rendimento dos títulos de 30 anos superassem a marca de 3,25%. Isso aconteceu ontem.
  • Jerome Powell, presidente do FED, disse que a taxa básica da economia (a taxa do "fed funds") ainda estaria distante de um ponto considerado neutro. Em outras palavras, deve subir mais.
  • Os dados econômicos como o índice de preços dentro da pesquisa conduzida pelo ISM mostram sinais de pressões inflacionárias. Além disso, o aumento do salário mínimo instituído pela empresa Amazon trouxe à tona preocupações com pressões salariais.
  • Com a curva de juros dos EUA achatada, não há incentivos para que investidores comprem títulos de longo prazo. Isso tende a ser negativo para o mercado de renda variável.
  • O FED que, em um determinado momento atuou como comprador de última instância, agora está na ponta oposta. O FED está reduzindo o volume de ativos em sua carteira. Estamos em um processo conhecido como "QT - quantitative tightening".
  • Devido a vantagens fiscais, os fundos de pensão dos EUA anteciparam suas compras de títulos do tesouro durante os primeiros 9 meses do ano - período onde havia uma "janela" tributária. Por isso, só agora a alta no rendimento dos "treasuries" se intensificou.
  • Crescem as pressões regulatórias sobre as empresas de tecnologia que atuam como enormes plataformas globais. Aqui, em particular, Google e Facebook. Hoje mesmo os reguladores europeus multaram a Facebook. Já a Google vem conquistando, a cada dia, uma maior antipatia por parte do governo Trump.

Essas são algumas das razões pelas quais alguns analistas se mostram preocupados com um possível fim do "bull market" americano.

Em termos práticos, vale lembrar que estamos em outubro, a dias de uma eleição de "mid-term" nos EUA. A volatilidade medida pelo VIX está muito baixa. Uma reversão à média neste caso não seria surpreendente. 

Por tudo isso, venho argumentando por uma parada técnica no "bull market" norte-americano.

Depois de dois dias de forte alta aqui no Brasil, é normal vermos um movimento de acomodação que deverá se manifestar em um recuo nos preços. Ontem mesmo, após nova pesquisa do IBOPE e a notícia sobre a tal entrevista de Lula, o ETF EWZ caiu fortemente no "after-market" americano.

Sendo assim, lembre-se que a volatilidade corta para os dois lados. Hoje, há indícios de queda. CAVEAT EMPTOR!

Marink Martins

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