Jogando duro com a China e com o Biden

18/05/2020

Ao assistir o documentário Trump: um sonho americano, disponível na Netflix, me chamou atenção a crítica do atual presidente americano ao candidato republicano Mitt Romney durante sua campanha presidencial em 2012. Trump disse que Romney simplesmente não é capaz de um ataque a jugular de seu oponente. E é justamente isso que o incumbente americano se prepara para fazer com seus oponentes do momento: China e Biden.

Na semana passada os EUA agiram de forma dura contra a China. Bloquearam investimentos de um fundo americano em ações chinesas e aprovaram uma medida exigindo que exportadores de itens de alta tecnologia obtenham uma "export license" para exportar para a China. Esta segunda medida tem endereço certo: a maior empresa de tecnologia chinesa, Huawei Technologies.

Arthur Kroeber, chefe de pesquisa da Gavekal, escreve que a relação entre os dois países vem se deteriorando em um ritmo mais acelerado do que previsto em sua última análise. Diz ele que Trump decidiu adotar uma postura de ser duro com a China como estratégia de reeleição. A casa de análise nos chama atenção a respeito da possibilidade de que o governo americano busque fazer com a Huawei o mesmo que foi feito com a empresa chinesa ZTE no passado, quando aplicou uma série de restrições que deixaram a empresa sem matéria prima para avançar em seu desenvolvimento.

A grande questão do momento é buscar entender o que cabe a China fazer como retaliação. De acordo com Kroeber, não há muito a ser feito pelos chineses. Embora as últimas iniciativas tenham provocado uma reação nacionalista de membros do partido comunista chinês, o analista acredita que é pouco provável vermos uma reação forte vindo da China devido ao fato de que suas empresas de tecnologia ainda apresentam enorme dependência de componentes americanos. Além disso, os chineses se esforçam para evitar que empresas americanas presentes no país desloquem suas produções para outros países como a Índia e Vietnã. Para ilustrar esta dependência e vulnerabilidade chinesa, apresento um gráfico que mostra que os investimentos estrangeiros diretos (em inglês, FDI) oriundos dos EUA permanecem estáveis, enquanto que aquele em caminho oposto foi reduzido de forma significativa.

Para finalizar, é importante destacar que tudo isso tem como objetivo posicionar Trump como salvador da pátria em sua campanha eleitoral. Sua campanha está pronta para atacar seu oponente - conhecido por fãs de Trump como "Sleepy Joe" - na jugular, apontando suas instabilidades como um senhor de idade avançada. Joe Biden tem 77 anos enquanto Trump é mais garoto, com 73 anos.

Marink Martins

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