"Melt-up" e "FOMO" - expressões de uma nova época

08/01/2018

A primeira expressão é péssima, mas é a da moda. "Melt up só faz sentido interpretado como antônino de "melt down" que significa um derretimento; neste caso, um derretimento dos mercados. Fala-se sobre um movimento de aceleração no processo de valorização do preço das ações liderado por participantes que temem ficar ausentes da "festa altista", do "Bull Market". A este receio, que chega a se aproximar um pouco do campo das "segundas intenções" e da inveja, criou-se o acrônimo em inglês, FOMO, ou "fear of missing out", que nada mais é do que o medo de se ficar de fora.

Não há nada de novo neste sentimento e nesta tendência. Entretanto, em tempos onde o equivalente ao prêmio de nobel de economia vai para uma pessoa da área das finanças comportamentais, como este que estamos vivendo, parece termos um terreno mais fértil para o uso de acrônimos e pequenas expressões descritivas.

Que os preços das ações são sensíveis a um processo de aceleração, tanto para baixo quanto para cima, parece inquestionável. Em movimentos acelerados de alta (os tais "melt up"), este movimento normalmente está associado à zeragem por parte de "vendidos" que chegam a um ponto em que estes sucumbem a pressões de mercado, e são forçados a "virar a mão", seja por razões psicológicas ou estruturais (falta de recursos para sustentar tal posição devido as elevadas chamadas de margens).

Entretanto, o número de apostadores vendidos a descoberto - aqueles apostando em uma reversão da tendência - não parece ser tão elevado neste momento. Nas ações da VALE3 -- que é o ativo o qual dedico grande parte do meu tempo de análise - embora seu preço tenha se apreciado de forma significativa nas últimas semanas, não se detecta um crescimento significativo no "descoberto" das opções. Por isso, caso o mercado continue em sua tendência de valorização, acredito que esta ocorra de forma gradual, sem exageros de intensidade comuns a um movimento de mercado também conhecido como "capitulação".

Ainda que de forma menos precisa, observo o mesmo comportamento em outros ativos ao redor do mundo. Mesmo nas cryptomoedas, que tanto se destacaram em 2017, não há uma presença maciça de investidores apostando em uma reversão; algo que pudesse contribuir para o tal "melt up".

Estamos no mês de janeiro, um mês marcado por uma elevação na volatilidade. Começamos o ano com notícias positivas vindas dos EUA, da Europa e da China. A euforia chega a ser contagiante.

No Brasil, já há quem aponte para um crescimento econômico na casa de 4% ao ano para 2018 como é o caso do economista José Carlos Carvalho, associado a Paineiras Investimentos.

Mesmo assim, temos por aqui uma agenda própria, com características binárias, que poderá fazer com que, em breve, descolemos do resto do mundo. Estou falando da decisão do TRF no dia 24/1 e da votação da reforma da previdência em fevereiro.

Por tudo isso, é importante que aquele que estiver "surfando" esta onda altista considere neste momento a aquisição de seguros no mercado. Notem que a utilização de um "stop" móvel nem sempre dá conta do recado. O dia 18/5 (denúncia de Joesley Batista) foi uma prova disso, e quem não estava protegido não teve tempo de reduzir/zerar suas posições.

Dito isso, no fim deste mês, a MyCAP organizará duas palestras, uma no RJ e outra em SP, nas quais eu irei explorar alternativas interessantes para que você possa adquirir proteção no mercado a um custo mais baixo. Fique ligado.

Marink Martins,

Myvol.com.br

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