Mercados emergentes - renda fixa ou renda variável?

08/02/2019

Diante do famoso dilema de alocação apresentado pelo título deste texto, estrategistas globais argumentam que a Renda Fixa, denominada em moeda local, apresenta uma melhor relação entre risco e retorno esperado.

Não há dúvida que a conjuntura global é favorável a investimentos em mercados emergentes. Afinal, recentemente, três dos principais preços que regem a economia global se moveram em uma direção bem favorável a estes mercados. Falo aqui dos seguintes preços:

Nos últimos meses o preço do barril de petróleo caiu para um patamar considerado interessante tanto para produtores como para consumidores. 

Em paralelo, a taxa de juros dos títulos de 10 anos norte-americanos recuou de forma significativa, favorecendo a retomada do consumo global. Por último, o dólar já não assusta tanto, embora tenha se mantido forte nos últimos pregões. Há a expectativa de que este irá se desvalorizar nos próximos meses; salvo a ocorrência de uma crise global mais profunda.

Todo este cenário naturalmente leva o investidor estrangeiro a sair em busca de retornos mais elevados nos mercados emergentes.

Ao olhar para as ações de mercados emergentes ele enxerga que o índice MSCI para mercados emergentes (EEM) negocia a um múltiplo projetado de lucros de aproximadamente 12x. Isso se compara a um múltiplo de 16,5x para o índice MSCI USA.

Contudo, estrategistas argumentam que esse desconto tende a provar-se ilusório. Com o índice MSCI EM bem concentrado em países como a China, Taiwan, e Coréia do Sul, basta um aprofundamento das tensões sino-americanas para que a lucratividade das empresas residentes nestes países sofra de forma significativa. Por tudo isso, eles argumentam que os emergentes apresentam uma fragilidade potencial do ponto de vista de suas demonstrações de resultados (DRE).

Assim, optam pela renda fixa por acreditar que uma iminente desvalorização do dólar irá contribuir para uma convergência entre as taxas de juros globais, favorecendo os títulos destes países.

Em síntese, domina a tese de que, entre o balanço patrimonial e o DRE dos emergentes, é melhor apostar no primeiro.

Mas, e o Brasil, onde se encaixa nesta análise?

Sabemos que o Brasil está inserido entre os países emergentes e que algumas de suas principais ações fazem parte da carteira do MSCI EM Index. Sua participação caiu bastante nos últimos anos, e hoje é equivalente somente a 5,8%.

Nos últimos meses os ativos locais se valorizaram bastante impulsionados pela demanda de investidores residentes que apostam pesado em uma tese oposta a esta apresentada acima. Por aqui, investidores institucionais vêm apostando que o DRE das empresas locais irá surpreender de forma que é só uma questão de tempo para que os estrangeiros venham e comprem tais ativos a preços superiores.

Esse embate entre locais e estrangeiros é um que é jogado diariamente nos mercados.

Por enquanto é importante que o leitor saiba que, mesmo excluindo os asiáticos, ainda há uma preferência por ativos mexicanos em relação aos brasileiros.

E quando analisados somente os ativos brasileiros, ainda há uma preferência por ativos de renda fixa em relação à renda variável.

Marink Martins

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