More Money than Fools!

16/11/2017

Se você ainda tem dúvidas que vivemos em uma época marcada por um excesso de liquidez global, aí vai mais uma informação para você:

Em leilão na Christie´s, o quadro de Leonardo da Vinci - Salvator Mundi - foi vendido por US$450 milhões. Isso mesmo! O recorde anterior pertencia a um quadro de Pablo Picasso que fora vendido por US$179,4 milhões. Esta obra de da Vinci fora comprada por um francês por US$80 milhões e posteriormente vendida a um russo por US$120 milhões. De acordo com Walter Isaacson, que acabou de lançar a biografia de da Vinci, esta obra apresenta algumas falhas técnicas e, por isso, teve que ser "retrabalhada"... sendo assim, o autor complementa que seu valor de mercado deveria ser inferior ao registrado por obras como o famoso quadro de Mona Lisa. O que Isaacson não levou em consideração ao fazer tal previsão, é que vivemos em um mercado onde há "more money than fools" (excesso de liquidez). Mas, como podemos deduzir pela própria manchete, isso está mudando rapidamente!

Para ser sincero, não sei como é a liquidação de uma operação como essa. Não sei se isso ocorre em D+1! Seja o pagamento em dólar, euro ou iene, o fato é que, como muito bem colocado por Louis-Vincent Gave, CEO da Gavekal, o excesso de liquidez vem contribuindo para uma enorme inflação no preço de ativos. O que aconteceu na arte, vem ocorrendo também com imóveis em Vancouver, Sidney e Nova York.

Mas até quando? perguntaria o mais ansioso. O ano de 2018 deverá ser um ano de virada nos mercados. Se não pelo cansaço (será o nono de "Bull Market"), o ano será marcado por uma forte redução na quantidade de dinheiro injetada pelos principais bancos centrais. Pois é, a festa está acabando e arrisco-me a dizer que existe uma boa chance de que o ponto de inflexão no mercado ocorra próxima a data do IPO da Saudi Aramco. Tal IPO, marcado para ser o maior da história, movimentará uma quantia próxima a US$100 bilhões, e ao escrever tal valor, já consigo imaginar 'investment bankers" salivando por sua fatia!

Na tabela abaixo, temos a variação no volume de ativos nos principais BCs do mundo. O importante aqui é notar que em 2016 o BCE (europeu) e o BOJ (Japão), juntos, injetaram quase US$2 trilhões no mercado!!! Isso é dinheiro novo que entra nos bancos comerciais para forçá-los a "abrir a torneira" e repassá-los a consumidores finais. Como sempre ocorre nestes casos, uma boa parte, entretanto, vai para especulação no mercado de capitais.

Agora, imaginem quando tais BCs começarem a "frear"? E, neste sentido, os expressivos IPOs a espera (Saudi Aramco, UBER, AirBNB) contribuirão para uma forte deterioração na liquidez global.

Esta e outras informações sobre esta dinâmica de mercado fazem parte da minha apresenta "O "BULL MARKET" GLOBAL. A pedido de clientes que não puderam comparecer as nossas recentes apresentações, gravei um vídeo e estarei disponibilizando-o hoje à tarde, a partir das 17h, no MYVOL.COM.BR.

Sobre o comportamento dos mercados ontem...

E no mercado americano, aos poucos, aquela tal correlação setorial, que tanto venho mencionando por aqui, vem subindo e levando consigo o VIX (medida de volatilidade associada ao índice S&P 500).

Enquanto assistimos por aqui toda a confusão associada a uma eventual votação da reforma da previdência, nos EUA o processo de negociação para a votação da reforma tributária começa a se intensificar. Ontem mesmo, o senador republicano do estado de Wisconsin, Ron Johnson, se manifestou contra a proposta de seu próprio partido. O processo será longo e deverá gerar muito ruído no mercado.

Mais importante, entretanto, é que o FED deve continuar seu processo de normalização das taxas de juros em um mercado onde a curva de juros, a cada dia, se achata cada vez mais. E o que isso quer dizer? Isso é um claro indicador de que a economia tende a uma desaceleração. E se isso ocorrer, é provável vermos uma compressão de múltiplos que certamente terá ramificações globais.

Diante de um mercado altista (Bull Market) tão intenso e tão longo, é mais do que natural assumirmos a presença de um elevado nível de complacência. Não é à toa que, volta e meia, ouço analistas falando sobre a possibilidade de "air pockets". Estes referem-se a momentos em que, por diversas razões (muitas de natureza técnica), há um "vazio" no mercado, onde, em um curto espaço de tempo, uma forte pressão vendedora acaba derrubando os preços de forma acelerada.

No momento, entretanto, os mercados globais continuam regidos pelo espírito do "caiu/comprou" (buying on the dips). Salvo uma nova "pernada" de estímulos monetários, como aquele capitaneado pela China em 2016, a festa está acabando e você deve proteger seu patrimônio.

Marink Martins, CNPI

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