"More Money Than Fools"?

07/07/2020

Dizem que para entender a direção dos mercados, basta observarmos a quantidade de tolos e de dinheiro em circulação em um determinado momento. Quando há mais dinheiro do que tolos, os mercados sobem.

Nesta manhã foi comentado na CNBC que o valor de mercado da Tesla cresceu a um ritmo equivalente a "uma Ford" por dia! O que podemos dizer a respeito disso?

Bem, isso para mim é análogo ao que vimos ocorrer com as ações da empresa Cisco System em 1999. Naquela ocasião, o FED que vinha irrigando os mercados com dólares desde a crise do calote russo e da quebra do LTCM, injetou ainda mais dinheiro no mercado devido a receios associados ao "bug do milênio".

Com o benefício da história, parece fácil criar uma narrativa de que primeiro ocorreu a injeção de dólares e, em seguida, vieram os tolos que levaram o Nasdaq para a estratosfera.

De volta ao presente, e esse tipo de análise, embora simples e lúdica, pouco nos ajuda a chegar a algum lugar.

Elon Musk, o próprio fundador da Tesla, disse que as ações da empresa estavam caras quando estavam 750 dólares. Hoje estão valendo mais que 1.300 dólares. Confesso não saber quase nada sobre os fundamentos da Tesla. Para mim é uma bolha, mas venho dizendo isso desde que a ação estava valendo 500 dólares.

O fato é que nos últimos anos passei a respeitar, cada vez mais, o fato de que os preços respeitam este conceito associado a "momentum".

Gary Antonacci, um experiente estrategista dos EUA, foi premiado no início da década passada por seu trabalho conhecido como "Dual Momentum Investing". Este conceito que pode ser entendido como -- aquilo que está dando certo tende a continuar em sua trajetória - é algo que nos últimos anos ganhou cada vez mais espaço em termos de alocação. O maior uso de algoritmos intensificou a implementação desta estratégia.

Sendo assim, não devemos ignorar, de forma alguma, que muito do que está em curso - seja associado a tecnologia nos EUA, ao varejo digital no Brasil, a recente busca por ativos asiáticos - é fruto de uma crescente alocação de recursos baseada na premissa de que tais classes de ativos tendem a continuar performando bem.

O problema associado a este tipo de estratégia reside no fato de que os processos de reversão de tendência ("quebra de momentum") tendem a ser intensos e rápidos. O que vimos em março deste ano é algo que poderá ocorrer com uma frequência surpreendente ao longo desta década que se inicia. E é justamente por isso que investidores devem entender e aprender a tirar proveito de eventos associados a saltos na volatilidade dos mercados.

Marink Martins

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