Proteja suas fichas!

15/10/2018

Primeiramente, é importante destacar que o índice S&P 500 chegou a perder a sua média móvel de 200 dias. Os principais índices europeus já se encontram 7% abaixo de tal métrica.

Neste contexto, cresce o ímpeto baixista das bolsas em meio a diversos ruídos globais que, em conjunto, contribuem para um cenário mais desafiador ao comprado em ações.

Dentre tais ruídos, ameaças de sanções à Arábia Saudita devido a morte do jornalista árabe Jamal Kashoggi ocupa uma posição de destaque no noticiário. Às vésperas do evento conhecido como "Davos do Deserto", executivos de empresas americanas cancelam sua participação e expressam ao mundo sua insatisfação perante a atitude saudita diante do ocorrido. Nesta noite, as ações da empresa japonesa Softbank, que mantém laços fortes com a Arábia Saudita através de seu "Vision Fund", despencaram.

Tudo isso, naturalmente, repercute na tendência altista no preço do petróleo que, como venho comentando por aqui, representa um dreno de liquidez na economia global.

Além desta questão, listo aqui outros fatores impactando as bolsas e complemento com um breve comentário sobre o assunto:

  • Distúrbio no mercado imobiliário chinês: Nos últimos dias, cidadãos chineses se rebelaram contra o fato de que algumas construtoras do país estão vendendo imóveis oferecendo um elevado desconto com relação ao preço inicial de lançamento. Isso não é uma novidade no país e é percebido pela população como uma atitude que reduz o valor dos imóveis existentes e diminui o patrimônio da população.
  • Uma maior fragmentação política na Alemanha combinada com questões orçamentárias na Itália contribui para um cenário cada vez mais desafiador na zona do euro. Já se fala em uma política monetária mais branda ("dovish") com o BCE postergando o aumento dos juros para um prazo mais longo. Isso tende a achatar cada vez mais a curva de juros europeia fazendo com que o euro fique cada vez menos atrativo.
  • O comércio entre EUA e China já mostra fortes sinais de deterioração com base em dados fornecidos por empresas que atuam na área de transportes.

De forma resumida, muitos dos fatores afetando a economia global apontam para o fato de que, apesar da recente queda nas ações americanas, os EUA ainda parecem ser o lugar mais atrativo para o capital global.

Observe que o índice S&P 500, com base no fechamento de sexta-feira, negocia com um múltiplo da relação Preço/Lucro projetada para o ano de 2019 de 17x. Tal nível, embora acima da média de 5 anos próxima a 15x, não é, nem de longe, um nível assustador.

Dito isso, devemos ficar atentos ao fato de que o VIX, medida associada a volatilidade do índice S&P 500, encontra-se acima de 20%, indicando que o mercado trabalha com oscilações diárias superiores a 1%.

Um outro fator importante, mas que não é muito discutido na mídia, é o índice correlação entre as 50 maiores ações do índice. Tal indicador mantém-se abaixo de 40%, o que, na minha interpretação, ainda não demonstra pânico nos mercados.

Por tudo isso, acredito que o investidor deve começar a semana ciente de que estamos navegando em um mês famoso por sua volatilidade e de que os mercados atravessam um período de teste. Recuos no mercado de ações americano como este é algo natural.

Há semanas venho alertando por aqui a respeito da proximidade do "mid-term" americano e da data início das sanções americanas ao Irã.

Sendo assim, julgo que o momento seja propício para ficarmos mais líquidos à espera de uma melhor oportunidade de entrada.

Uma boa semana a todos,

Marink Martins

www.myvol.com.br