“Não pensamos nem em pensar em elevar a taxa de juros...” (Jerome Powell)

30/07/2020

Ontem foi dia de reunião do FED e, como já ocorre durante o mandato de Jerome Powell, o anúncio é seguido de uma importante sessão de perguntas e respostas junto a jornalistas.

Powell vem dizendo que não está nem sequer pensando em pensar em elevar a taxa de juros. O momento é desinflacionário e deve durar por bastante tempo, complementa o chairman do FED.

Poucos discordam da afirmação de que a atuação do banco central americano foi surpreendentemente positiva durante esta pandemia. A instituição veio com tudo, mostrou bastante força e nem sequer foi forçado a fazer uso de seu arsenal. Em inglês diz-se que o FED vem vencendo a batalha através do "jawboning", ou traduzindo, da retórica.

Contudo, ao ler os relatos de Paul Volcker feito através de sua biografia "Keeping at It", logo penso a respeito do nervosismo por trás da fala de Powell. Assim como ocorreu no governo Nixon, durante o período em que dólar deixou de manter uma paridade fixa com o ouro, é possível que, por trás da calmaria apresentada na mídia, haja uma tremenda batalha a respeito de como proceder diante do colapso da atividade econômica no país.

Nos últimos dias o FED estendeu para o fim do ano o fim de diversas iniciativas que estavam marcadas para serem finalizadas no fim deste mês. Em paralelo, há uma briga no congresso americano entre democratas e republicanos quanto ao tamanho dos auxílios emergências que também deverão ser estendidos por mais alguns meses.

Tudo isso devido ao fato de que há um consenso que, sem a intervenção do Estado, não há como a economia evitar um colapso digno da grande depressão de 1930. O desemprego está próximo de 20%, e as pessoas, físicas e jurídicas, não estão pagando seus aluguéis.

Se em março tivemos uma crise de liquidez, poucos discordam que a próxima crise tende a ser uma associada ao elevado grau de insolvência.

Não é à toa que os bancos não estão participando da recente valorização dos índices de renda variável globais.

Que o problema na economia real é grave, ninguém dúvida. Contudo, há quem afirme que isso não deve ser o suficiente para conter o ímpeto altista visto nas bolsas. Afinal, estamos diante de um momento transformacional. Estamos diante de uma das maiores migrações da renda fixa para a renda variável da história. E por aí vai...

Não vou aqui dizer que quem aposta nestas narrativas irá quebrar a cara. Muito pelo contrário. Aqueles que vem acreditando e apostando suas fichas nestas tendências vem colhendo frutos.

O mais importante para o investidor é alinhar as suas apostas com o horizonte de tempos de investimento de sua preferência.

De forma mais clara, posso te afirmar que alguns dos meus Comentários de Mercado feitos por aqui têm como horizonte de tempo de maturação algo entre 6 meses e um ano. Esse aqui relacionado a macroeconomia americana, pouco te ajuda a ganhar dinheiro com as narrativas do momento voltadas ao "stay at home stocks" (ações que se beneficiam deste momento em que estamos presos em casa).

Por um outro lado, já tivemos diversos comentários que ajudaram alguns leitores a registrar uma performance superior à do mercado. Novamente, o importante é alinhar o argumento com o tempo de maturação. 

Neste sentido, concluo convidando o leitor a ver o MyCAP Tendências Globais desta semana em que utilizo um conceito da renda fixa aplicado a renda variável. Confira ao clicar aqui: https://youtu.be/MV1zzujlV1U

Marink Martins 

www.myvol.com.br