O desaforo dos IPOs

O IPO da empresa PETZ atraiu 40.000 pessoas físicas.

Nos bons tempos da OGX, a empresa contava com uma base acionária de 50.000 pessoas.

A Brasil Insurance -- empresa onde atuei na área de RI -- foi a mercado valendo aprox. R$1,5 bi, com um lucro anual de R$65m. A PETZ hoje vale R$5.6 bi, com um lucro projetado para este ano de somente R$35 m. Uma relação de P/L de 160x. A margem líquida da PETZ é de 3%.

Tal cenário não impediu uma gestora de fazer um longo discurso através do twitter argumentando que quem olha para múltiplos é um antiquado, que não sabe nada, etc...

E eu te pergunto: não é sempre assim? Em 1999 Warren Buffet, Julian Robertson and George Soros foram ridicularizados por aqueles que surfavam a onda dotcom do fim do milênio.

Petz pode vir a ser um investimento sensacional, mas quantos dos 40.000 investidores conhecem a empresa? Quantos já conversaram com a diretoria? Com os fornecedores? O meu argumento aqui é simples e objetivo: se você vai pagar um P/L de 160x em uma empresa, é recomendável que você faça o dever de casa.

O otimista, contudo, argumenta: ah mas aquele que ficou olhando para os múltiplos da Magalu perderam uma oportunidade de ficar milionário...

Bem, eu argumento que todo esquema piramidal necessita de uma narrativa que dê sustentabilidade ao processo. E aqui, não estou afirmando, de forma alguma, que a Magazine Luíza seja uma pirâmide. O meu argumento tem a ver com a compra de ações de empresa que negociam com múltiplos exorbitantes, acima de 100x.

Uma empresa com múltiplo elevado pode ser um bom investimento na medida em que esta empresa cresça a um ritmo acelerado. Empresas capazes de fazer com que seu lucro anual cresça a taxas de superiores a 30% devem sim ser negociadas com múltiplos elevados.

Finalizo este texto com uma informação a respeito da Magazine Luíza que muitos parecem ter esquecido: seu IPO foi próximo de 9 reais, e seu preço caiu 90% nos 4 anos subsequentes.

Será que os novos investidores têm estômago para amargar uma volatilidade desta natureza?

Marink Martins