O desespero Trumpiano

03/01/2019

Já falei por aqui algumas vezes: nunca vi um presidente americano atrelar seu sucesso ao comportamento do mercado de ações.

Não há tolice maior!

Ao dizer que o mercado sofreu um "glitch" em dezembro, e que, a partir de agora, voltará a subir, Trump mostra sinais de desespero.

Não há dúvidas de que aquele fatídico pedido de seu secretário do tesouro, Mnuchin, para que os bancos mostrassem que estão capitalizados, partiu de um ato de desespero do líder diante de um mercado declinante.

Mnuchin, com toda sua experiência da Goldman Sachs, deve ter sofrido muito ao fazer tamanho "papelão".

Todo mundo sabe que os bancos americanos encontram-se devidamente capitalizados após 2008. Promover tamanho desfile de poder é dar contorno a uma crise que não existe.

Os mercados sobem. Os mercados caem. Faz parte do ciclo.

Para Trump, entretanto, a segunda hipótese invalida seus esforços.

Com tudo isso, há um imenso ataque partindo do candidato republicano Mitt Romney, que acusa Trump de ser o principal problema do país.

A paralisação do governo que atinge seu décimo segundo dia vai forçar uma postura mais flexível do líder americano. Isso será solucionado em breve, como sempre foi.

Para finalizar, concluo reiterando a afirmação do professor da Universidade de Chicago que diz que os EUA se comportam cada vez mais como um país latino.

Neste sentido, espere por um Trump desesperado, de hoje até os dias em que perderá seu reinado! Será certamente um caminho mais volátil que a média!

Marink


O choque entre os choques de gestão

Em sua posse ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, enfatizou em seu discurso que a reforma da previdência é a principal barreira a ser vencida nos primeiros meses de governo - ele espera uma aprovação do projeto em no máximo três meses.


Guedes deixou claro que não há alternativa, pois, caso o Congresso vote contrariamente ao projeto, o Orçamento da União entrará em conflito com a Lei de Responsabilidade Fiscal e ao teto de gastos - este último decretado pelo presidente Temer. Com a reforma da previdência aprovada, os próximos passos são a reforma fiscal e tributária e desestatização do crédito, acrescidos de abertura comercial. 


Dito isto, vale ressaltar que o ministro deixou explícita a certeza de que muitos destes primeiros cortes de gastos e mudanças virão via decreto presidencial (Medidas Provisórias) - até por razão do novo Congresso assumir somente em fevereiro.

Mesmo que estritamente necessários, sabemos que a classe política só aprovará estes projetos por forte pressão popular - e mesmo assim poderemos esperar reações contrárias. Sabemos que o histórico recente do STF mostra que a corte aprova medidas heterodoxas, se tornando uma espécie de advogada da classe política, quando esta última vem ao seu pedido.


Assim como ocorreu ontem com a Federação Nacional dos Advogados, que entrou com um pedido no STF para tentar barrar a Medida Provisória 870/2019 (extinção do Ministério do Trabalho), não será surpresa, também dado o histórico dos que recorrem ao tribunal, observarmos pedidos semelhantes neste mês. Pode ocorrer um choque entre os choques de gestão, onde o estamento burocrático não cederá facilmente aos cortes do novo poder executivo.


Nesta batalha os principais atores são o novo Executivo e o Supremo Tribunal Federal, que, apesar de receber os processos, só os julgará em fevereiro, quando a corte retornar do recesso.


Um bom dia a todos,
Mariana Ratão

www.myvol.com.br