O impacto da queda no spread 5/30

21/06/2021

Assim como "telegrafado" por aqui, o que observamos nos últimos três dias da semana passada foi um aumento da volatilidade associado ao vencimento de contratos derivativos e mudança comportamental das autoridades monetárias.  

A tal conta TGA ("Treasury General Account" -- ver gráfico acima), que eu tanto falo por aqui, já está praticamente normalizada. Seu saldo, que atingiu 1,7 trilhões de dólares durante a pandemia, já voltou para um ponto de equilíbrio, próximo a 600 bilhões de dólares. Este processo de redução da TGA está intrinsecamente conectado ao que foi observado na semana passada no que é conhecido como "dollar funding market". 

Ao contrário do que ocorrera em setembro de 2019 -- momento marcado por uma escassez de recursos que resultou em estresse associados a operações compromissadas ("Repo") -- desta vez, os bancos estavam "carregados" demais em reservas excedentes. Tal fenômeno provocou uma certa distorção, desta vez associada a operações compromissadas reversas, ou, em inglês, "Reverse Repos". Ao elevar a taxa de juros que remunera as reservas excedentes, a autoridade monetária americana provocou um rearranjo no mercado de "dollar funding".

O que observamos nos últimos dois dias foi um forte movimento em que os agentes venderam títulos de curto prazo e compraram títulos de longo prazo. 

Veja, na imagem abaixo, como o rendimento dos "treasuries" de 5 anos subiu ao mesmo tempo em que os de 10 anos caiu.

Já no gráfico abaixo podemos ver como a queda no spread entre os títulos de 5 e 30 anos "puxou" outros ativos para baixo. O "XLF" é o ETF de bancos nos EUA. 

Este evento, combinado com as iniciativas chinesas para conter o aumento no preço das commodities metálicas, contribuiu para movimentos impactantes nos mercados na última sexta-feira. O preço das commodities metálicas despencou junto com o preço das ações de setores sensíveis à taxa de juros de longo prazo, como o de bancos. A queda só não foi mais feia, pois as "Big Tech", mais uma vez, salvaram o mercado.

No gráfico abaixo, observamos que a queda no impulso creditício na China é um importante indicador antecedente para a atividade econômica no ocidente (medido pelo índice ISM dos EUA). 

Não devemos esquecer também que hoje é "PRIME DAY" nos EUA. Dia de correr atrás de pechinchas no site da Amazon. É certo que vai ter gente correndo atrás de pechinchas nas bolsas também. Não contem comigo.

Marink Martins

www.myvol.com.br