O insidioso dividendo

27/02/2020

Em momentos de "quebra" de narrativas, os preços das ações caem e os rendimentos associados aos dividendos ("dividend yield") tendem a subir. Tudo ocorre por uma simples questão matemática: presume-se um numerador constante (dividendo) ao mesmo tempo em que o denominador (preço da ação) diminui.

Um dos casos que mais chama atenção neste momento diz respeito as ações da petrolífera Exxon. O preço de suas ações vem sofrendo diante da queda no preço do petróleo e todas as adversidades enfrentadas pelo setor petrolífero norte-americano. Com isso, o "dividend yield" associado a empresa subiu para níveis próximos a 7% ao ano!!! Algo que, para os caçadores de dividendos, pode soar como uma proposta irresistível.


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Contudo, utilizei o adjetivo "insidioso" no título deste texto, justamente para dizer que a premissa de estabilidade no pagamento do dividendo é algo que representa um risco de mercado. Em 2007, a analista Meredith Whitney atingiu a fama global ao prever que o poderoso Citigroup seria forçado a reduzir o dividendo pago anualmente aos seus acionistas.

Por essa razão e outras, não sou fã da "caça" por ações de empresas pagadoras de dividendos. Em 2003, a Microsoft pagou dividendos pela primeira vez em sua história. Os anos subsequentes, entretanto, provaram-se extremamente difíceis para os acionistas da empresa.

Saiba que uma gestão ativa de uma carteira que consiste de ações e contratos de opções pode ser bem mais interessante do que uma carteira focada em dividendos. Afirmo isso, não só pelo retorno obtido, mas, principalmente, por contribuir para uma gestão com um menor nível de complacência. Dito isso, gestão ativa dá trabalho. Desconfie sempre de rendimentos passivos elevados que não dêem trabalho ("dividend yield" elevados).

Marink Martins 

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