O mais bizarro dos mercados

09/02/2021

Foi mais ou menos assim que o veterano Stanley Druckenmiller, ex-parceiro de George Soros, definiu o mercado atual. Famoso por protagonizar uma das maiores operações financeiras de todos os tempos - o ataque a libra esterlina em 1992 - Druckenmiller pensava já ter visto de tudo.

No entanto, em sua entrevista, concedida em um evento da Goldman Sachs, ele expressa sua frustração diante de um mercado que parece ter se desconectado de seus fundamentos contábeis. Vivemos em um mercado regido por fluxo e liquidez.

De certa forma, penso que regredimos. Nos anos 90, na bolsa brasileira, as ações da Telebras - carro chefe do Ibovespa - negociavam ao sabor das questões macroeconômicas do país. Ainda que analistas produzissem relatórios fundamentalistas a respeito da empresa, estes eram, em grande parte, ignorados. A bolsa brasileira era um trade MACRO.

E justamente por isso, surgiam diversas oportunidades. Lembro-me bem de uma visita que fiz com o analista de mineração e siderurgia do Bozano, Simonsen - Rodrigo Marques - em 1999, em que ele buscava transmitir a um gestor o potencial de valorização da CSN. Na ocasião, ele via um "upside" de 50% para o papel e, com o intuito de fortalecer a sua tese, deixava claro que, em suas projeções, carregava o valor da mina da Casa de Pedra a zero!

Mas era 1999 e os gestores ainda lambiam as feridas resultantes da crise asiática. O "bear market" naquele setor foi um dos piores que já vi em toda a minha carreira.

Resgato essa história, pois o momento atual tende a gerar inúmeras oportunidades nos meses a frente. É verdade que muitas destas oportunidades poderão ocorrer no lado da venda, mas elas eventualmente aparecerão.

Dito isso, o meu foco por aqui envolve um prazo mais curto. E no curto prazo, há fortes indícios de que os "mãos fortes" do momento são os "market makers" que venderam lotes de opções aos afoitos nas últimas semanas. Conforme observamos, o VIX despencou de uma forma avassaladora.

Sendo assim, há sinais de que os mercados deverão oscilar pouco até o dia 19/2. A data se refere ao vencimento semanal das opções nos EUA.

Hoje - principalmente para aqueles cujo foco de atuação está em operações de curto prazo - mais importante do que saber analisar demonstrativos financeiros, é saber interpretar a exposição do mercado ao risco gamma. E não se pode falar em gamma sem falar em delta, pois o primeiro mede a taxa de variação do segundo.

Concluo com esta sugestão: estude o mapa das opções; dos contratos em aberto. Procure identificar se o "mão forte" está comprado ou vendido em volatilidade.

Marink Martins

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