O momento pede por uma postura TÁTICA nos mercados!

25/02/2019

No texto A Oportunidade de 2019 no mundo dos investimentos concluí afirmando que devemos encarar o longo prazo pensando da seguinte forma: que vivamos uma semana de cada vez!

Retomo este assunto pois avalio que o investidor deve manter os seus pés firmes no chão especialmente neste momento em que surgem sinais que demonstram estarmos em uma transição de regime de volatilidade nos mercados globais.

A semana se inicia com as ações chinesas se valorizando de forma expressiva.

Aqueles que me acompanham sabem o quanto venho explorando este tal tema. Seja através dos comentários e vídeos ligados às tensões comerciais sino-americanas, seja via meus comentários em que alerto aos investidores sobre a mudança na composição da carteira de mercados emergentes da MSCI que deverá ser anunciada esta semana (Ver vídeo).

O importante é que é provável que tudo isso represente um repique tático na precificação de diversos ativos globais. Observe que há sinais de desaceleração na economia chinesa que vão muito além do pequeno declínio na taxa de crescimento de seu PIB.

É possível que estejamos transitando de um período deflacionário para um inflacionário.

Entendo que tudo isso possa parecer especulativo neste momento, porém, ao observarmos o comportamento do preço do ouro, observamos que algo mais significativo está ocorrendo.

O grande estrategista Charles Gave adora comparar o preço do ouro ao preço dos títulos dos US treasuries de 10 anos. O que constatamos ao observar tal relação desde os anos 70 é que, de fato, estamos em um período em que o gráfico da média móvel de 5 anos desta relação acaba de adquirir uma inclinação positiva.

Dito de forma mais simples, há uma maior busca por ouro do que por treasuries longos - tudo isso em uma análise que contempla mais de 45 anos.

E quais são as possíveis implicações deste movimento caso ele se confirme?

Bem, dentre algumas das implicações deste movimento podemos ter:

  • Uma quebra na correlação entre renda fixa e renda variável; podemos passar de um período de correlação negativa para um de correlação positiva onde os ativos de renda fixa deixariam de representar uma alternativa de diversificação para a renda variável.
  • Ouro e prata voltariam a ser considerados alternativas de diversificação.
  • Ativos "reais" se tornariam mais interessantes do que ativos financeiros.
  • Provável contração nos múltiplos de relação Preço/Lucro (P/L).
  • Estratégias com foco em valor tenderiam a uma melhor performance do que aquelas focadas em momentum.

Confesso a você que esta não é a primeira vez que abordo este assunto. Tais transições, quando de fato ocorrem, se tornam evidentes somente meses após o ocorrido.

Sendo assim, entenda tudo isso como um framework para caso isso de fato aconteça.

Afinal, como Louis-Vincent Gave sempre enfatiza, uma boa gestão de recursos não requer necessariamente um exercício de futurologia, mas sim, uma boa capacidade de adaptação ao ambiente de investimentos.

Uma boa semana a todos,

Marink Martins

www.myvol.com.br