O presidente da Pensilvânia

23/10/2020

Se você está atento ao que está em curso na eleição presidencial nos EUA, sabe que as pesquisas indicam Biden como o favorito a vencer as eleições. 

Embora a eleição ocorra no dia 3 de novembro, o advento do voto antecipado via correio vem transformando de forma significativa o processo eleitoral nos EUA. Neste momento, mais de 30% dos votos já foram registrados em diversos estados. 

Embora tais votos ainda não tenham sido abertos e computados, estima-se que eles tendem refletir a realidade retratada pelas pesquisas eleitorais. 

Sendo assim, para que ocorra uma reversão nas expectativas -- isto é, uma ascensão de Donald Trump nas pesquisas -- é necessário que o candidato republicano comece dominando o importantíssimo estado da Pensilvânia. 

Quem acompanha os vídeos MyCAP Tendências Globais já me ouviu ressaltando a importância da Pensilvânia como o principal campo de batalha na eleição americana. 

Não é à toa que no debate de ontem Trump partiu para cima de Biden, acusando-o de ser contra a exploração de petróleo através da tecnologia de fraturamento hidráulico ("fracking"). Observe que esta atividade econômica praticamente revitalizou a economia do estado da Pensilvânia. 

Biden tentou se esquivar, mas não convenceu. Todos sabem que Biden, influenciado pela iniciativa ambientalista "new green deal" é contra esta atividade. 

Biden mente, Trump mente, e a mídia se comporta de forma extremamente seletiva. O extremismo da CNN (esquerda) e da Fox (direita) chegou a um ponto em que todo processo se tornou ridículo. 

O site 538, do estatístico Nate Silver, nos mostra através da imagem abaixo que, mesmo que Trump consiga ganhar na Pensilvânia, seria necessário um esforço bem maior, em um curto espaço de tempo, para reverter também a situação em outros campos de batalha (Flórida, Carolina do Norte, Ohio, Arizona, e dois distritos do Maine). 

É possível? Lógico que é. Neste momento não me parece que seja provável. O fato de que 30% dos votos já estejam registrados é algo de enorme relevância. 

Sou da opinião que Trump só ganhou em 2016 pois o ódio por Hillary Clinton em alguns campos de batalha (principalmente no estado do Michigan) foi maior do que o ódio por seu concorrente. Já neste ano, Trump é o mais odiado pelas massas. 

Em suma, vivemos uma era de eleições passivas. Caso essa passividade resulte em uma onda azul (domínio democrata na presidência e congresso) é possível que o nível de volatilidade presente nos mercados permaneça elevado por um período bem mais longo do que podemos imaginar. 

Marink Martins

 

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