O que eles não te falam a respeito da Renda Variável

30/08/2018

Uma das maiores mentiras contadas no mercado diz respeito a expectativa de retornos em diversas classes de ativos.

Em particular, existe uma premissa de que o retorno de um investimento em ações no longo prazo deva ser superior ao retorno de um investimento em renda fixa no mesmo período.

Bem, qualquer brasileiro que já investiu sabe muito bem que esta premissa nunca se sustentou por aqui. Passamos por um longo período de juros elevados que fizeram com que os investimentos em renda fixa praticamente "humilhassem" aqueles obtidos em uma carteira diversificada em renda variável.

Mas, então, da onde vem esta premissa? Esta premissa vem da teoria econômica. Se em caso de liquidação de uma S.A. o acionista é o último a receber qualquer ativo que esteja disponível para uma eventual distribuição, é natural que este exija do mercado um retorno superior ao pago a credores como forma de justificar seu investimento. Sim, isso é o que deve ocorrer de acordo com os modelos.

Entretanto, a vida na prática segue um percurso bem mais complexo. A assimetria de informação e a ignorância a respeito dela, fazem com que muitas vezes os ativos de renda variável sejam negociados a patamares elevados demais frente aos riscos inerentes a este tipo de investimento.

Como evidência concreta do que estou falando, observem o gráfico abaixo ilustrando o retorno de 4 classes de ativos nos EUA desde 1980. O leitor há de concordar que o período em questão é um notório pela valorização das ações de diversas empresas norte-americana que se tornaram conhecidas multinacionais. Estou falando aqui de Microsoft, IBM, Proctor & Gamble, Johnson & Johson, e muitas outras.

No gráfico acima, o retorno total para 4 classes de ativos desde 1980: renda fixa de longo prazo (linha preta), renda fixa de curto prazo (linha azul), ações (linha vermelha) e ouro (linha amarela).

Como o leitor pode ver, apesar de um período extremamente favorável as ações (linha vermelha), os títulos de renda fixa de prazos longos (linha preta) se comportaram relativamente melhores. Se em quase 40 anos de análise com base na economia mais sólida do planeta a renda variável não consegue superar da renda fixa, o que dizer de tal premissa?

Alguns leitores certamente irão olhar de cara feia para esta análise e dizer: mas isso ocorreu porque as taxas de juros norte-americanas estavam em dois dígitos no início da década de 80! E complementariam com o seguinte questionamento: Quero ver a partir de agora que os juros de longo prazo estão rendendo somente 3,5% ao ano?

Bem, devo informar que as ações no início da década de 80 também negociavam a um nível significativamente mais baixo do que o patamar atual. Estamos aqui falando de uma relação de P/L abaixo de 10x comparada com P/L acima de 20x nos dias de hoje.

O ponto principal desta análise é o seguinte:

O retorno de uma carteira de ações diversificada é FORTEMENTE correlacionado ao retorno de títulos públicos de longo prazo. Ambas as classes apresentam um nível de risco elevado.

Veja também abaixo, como os títulos de renda fixa de prazos longos são capazes de produzir prejuízos significativos.

No gráfico acima, as perdas associadas a duas classes de ativos: renda fixa de longo prazo (em azul), e ações (rosa). Observe que, em períodos inflacionários como aquele visto nos anos 70 (crise do petróleo), as perdas registradas nos investimentos em renda fixa de prazos longos são superiores aqueles registrados na renda variável.

Minha conclusão:

O mundo mudou! As pressões demográficas são tamanhas. Acabou o bônus demográfico que tanto contribuiu para o crescimento da lucratividade das grandes empresas no mundo.

Por tudo isso, opte por uma estratégia "bi-modal". Uma na qual de 60% a 80% de sua carteira fica em títulos públicos de curto prazo (tesouro Selic). O restante em ativos mais arriscados.

Finalizo, "vendendo o meu peixe", informando que a estratégia que gerencio por meio do projeto O Clube dos 5 na Inversa Publicações é uma estratégia não-direcional que almeja obter retornos ao redor de 3% ao mês através de uma gestão ativa.

Nesta estratégia seguimos 6 parâmetros de risco pré-estabelecidos que fazem com que o desempenho deste projeto seja sustentável e replicável. Para mais informações, entre em contato comigo através da área de contato do MyVOL.

Marink Martins

www.myvol.com.br