O que ocorreu na última hora do pregão da sexta-feira?

05/10/2020

A resposta a essa pergunta passa pela interpretação do mercado no que se refere ao embate entre Paulo Guedes e Rogério Marinho ocorrido na tarde de sexta-feira. O fato é que o receio de que PG esteja de saída, fez com que o mercado derrubasse o índice futuro e puxasse o dólar de forma expressiva nos últimos 30 minutos do "after-market".

A queda no índice futuro do IBOV foi tão expressiva que, aquele que comprou contratos próximo a sua mínima registrada durante aquela última hora, está hoje sendo creditado mais 500 pontos devido ao fato de que o preço de ajuste do dia ficou em 93.753 pontos. Observe que tal ajuste ficou quase 300 pontos abaixo do preço de fechamento do Ibovespa. Isso, por si só, já é sugestivo de uma abertura agitada para esta segunda-feira. Se incluirmos o otimismo associado a saúde de Trump e a recuperação no preço do BRENT, temos a receita para uma certa correria...

Ao longo dos últimos dias venho sugerindo a investidores que reduzam o tamanho de suas operações. Acredito que incertezas políticas e econômicas contribuem para um cenário em que estratégias táticas (de curtíssimo prazo) sejam bem mais interessantes.

Creio também que o investidor tem mais a ganhar adotando uma postura mais reativa do que uma proativa.

Tentar entender o cenário político-econômico e, com base nisso, tentar traçar estratégias na bolsa é um jogo extremamente arriscado. Aqueles que passaram pela eleição de Trump em 2016 sabem exatamente do que estou falando.

Agora em 2020, além de não sabermos quem será o novo presidente dos EUA, temos incertezas quanto a implementação de um novo pacote econômico por lá, além de um crescente ceticismo local no que diz respeito a questões fiscais.

Ceticismo esse que, embora esteja fazendo preço somente agora, vem sendo alertado por aqui de forma contínua nos últimos meses - em particular no MyCAP Tendências Globais #107 ("Prepare-se para a saída de Paulo Guedes", clique aqui para assistir). Uma matéria publicada no Valor diz que hoje o ministro Rogério Marinho está bem mais próximo de Bolsonaro do que o Paulo Guedes. Além disso, a fala de Guedes associando um possível desrespeito ao teto dos gastos a motivações eleitorais me faz pensar que sua hora esteja, de fato, se aproximando. 

Marink Martins

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