O Short Squeeze do momento

27/01/2021

Um dos temas mais discutidos no que diz respeito aos mercados internacionais é o atual "espreme dos vendidos" (minha tradução para a expressão "short squeeze") nas ações de empresas em que há um elevado percentual das ações em circulação vendidas a descoberto.

Trata-se de uma informação que é pública por aqui, e lá fora. Sendo assim, a mídia financeira nos conta que grupos organizados através da mídia social Reddit promoveram uma espécie de "correria" entre os vendidos a descoberto em empresas como a Gamestop, a Bed Bath & Beyond, e outras.

Em destaque, o fundo Melvin Capital, com ativos de 12,5 bilhões de dólares, necessitou de uma injeção de capital das gestoras Citadel e da Point72 para continuar em operação.

Em 1998, o fundo LTCM de John Meriwether - com 4,5 bilhões de dólares em ativos - quebrou e fez com que o FED forçasse a criação de um consórcio de bancos para que os ativos não fossem liquidados a preços de mercado.

Na ocasião, o FED pouco teve que fazer em termos de expansão de seus próprios ativos. Um pouco mais de 20 anos após este famoso evento - que teve sua história contada através de livros e do filme "A Trillion Dollar Bet" - testemunhamos uma espécie de resgate que ocorre devido a consequências nefastas provocadas pelas atitudes dos próprios bancos centrais.

Observe que o processo de venda a descoberto de ações não só é uma atividade lícita, mas contribui para que os mercados funcionem de forma adequada, com ampla liquidez. A existência de uma espécie de "flash mob" nos mercados, como estas que impulsionam os preços das ações da Gamestop, sem que haja qualquer manifestação das autoridades reguladores, nos mostra que os mercados estão frágeis e que os reguladores estão - por alguma razão - receosos de atuar.

Aqui no Brasil, durante o ano de 2011, uma pequena bolha envolvendo ações da empresa Mundial, foi desmontada pela CVM em três dias. Bastou o anúncio de um processo investigatório e a especulação desenfreada foi rapidamente abandonada.

Eventos como estes que estão em curso nos EUA são certamente fascinantes. Contudo, caso eles não sejam contidos pelas autoridades, subsequentemente haverá um alargamento dos spreads que, de forma prática, deve ser considerada como uma elevação nos custos transacionais para toda a classe investidora - principalmente o varejo.

Marink Martins


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