Os estímulos monetários e o Ibovespa
Muito se fala a respeito dos estímulos monetários dos principais bancos centrais ao redor do mundo. Sabe-se que ao longo dos últimos dois anos os bancos centrais europeu e do Japão foram extremamente agressivos, adquirindo não só títulos de renda fixa governamentais e corporativos, mas também ações através do mercado de ETFs.
Em minhas palestras pela MyCAP, gosto muito de exibir este gráfico abaixo ilustrando a performance das bolsas de países do mundo desenvolvido ajustada pela quantidade de dinheiro em circulação (M2).
Desde a crise de 2008 os bancos centrais vêm comprando diversos ativos dos agentes de mercado, contribuindo assim para um mercado mais líquido e também para uma inflação no preço de ativos como títulos de renda fixa e ações.
Podemos ver pela tabela abaixo que o BCE (europeu) e o BOJ (Japão) injetaram aproximadamente US$2 trn de dólares em 2016 e 2017. Por isso, qualquer discussão a respeito de uma eventual remoção de tais estímulos monetários deixa agentes de mercado em pânico.
Mas, e o Brasil, onde se enquadra neste cenário? Estaria o Brasil também engajado nesta onda de estímulos quantitativos?
Bem, por aqui não é muito diferente. Apesar da inflação baixa, ao corrigirmos o Ibovespa pela quantidade de dinheiro em circulação (M4), nota-se pelo gráfico abaixo, que há por aqui também um forte impulso monetário.
Este tema torna-se ainda mais importante devido ao fato de estar em trâmite na câmara dos deputados um projeto de lei que impedirá o financiamento do tesouro nacional por parte do banco central.
Desde 2008 o BC brasileiro vem transferindo recursos para o Tesouro Nacional através de uma conta conhecida como "Equalização Cambial". Tal transferência vem contribuindo para diminuir o déficit primário do governo. Caso o projeto de lei 9.283, em trâmite no congresso, vá adiante, a urgência para um maior ajuste fiscal será ainda maior e, com isso, poderemos ter um aperto de liquidez similar ao que vem sendo discutido no mundo desenvolvido.
Marink Martins