Os estímulos monetários e o Ibovespa

02/04/2018

Muito se fala a respeito dos estímulos monetários dos principais bancos centrais ao redor do mundo. Sabe-se que ao longo dos últimos dois anos os bancos centrais europeu e do Japão foram extremamente agressivos, adquirindo não só títulos de renda fixa governamentais e corporativos, mas também ações através do mercado de ETFs.

Em minhas palestras pela MyCAP, gosto muito de exibir este gráfico abaixo ilustrando a performance das bolsas de países do mundo desenvolvido ajustada pela quantidade de dinheiro em circulação (M2).

O que o gráfico acima nos mostra é que boa parte da alta vista nos mercados pode ser atribuída ao fato de que os BCs vêm inundando os mercados com dinheiro novo. É a máquina de imprimir dinheiro em uso a todo vapor! Como assim?

Desde a crise de 2008 os bancos centrais vêm comprando diversos ativos dos agentes de mercado, contribuindo assim para um mercado mais líquido e também para uma inflação no preço de ativos como títulos de renda fixa e ações.

Podemos ver pela tabela abaixo que o BCE (europeu) e o BOJ (Japão) injetaram aproximadamente US$2 trn de dólares em 2016 e 2017. Por isso, qualquer discussão a respeito de uma eventual remoção de tais estímulos monetários deixa agentes de mercado em pânico.

Mas, e o Brasil, onde se enquadra neste cenário? Estaria o Brasil também engajado nesta onda de estímulos quantitativos?

Bem, por aqui não é muito diferente. Apesar da inflação baixa, ao corrigirmos o Ibovespa pela quantidade de dinheiro em circulação (M4), nota-se pelo gráfico abaixo, que há por aqui também um forte impulso monetário.

Este tema torna-se ainda mais importante devido ao fato de estar em trâmite na câmara dos deputados um projeto de lei que impedirá o financiamento do tesouro nacional por parte do banco central.

Desde 2008 o BC brasileiro vem transferindo recursos para o Tesouro Nacional através de uma conta conhecida como "Equalização Cambial". Tal transferência vem contribuindo para diminuir o déficit primário do governo. Caso o projeto de lei 9.283, em trâmite no congresso, vá adiante, a urgência para um maior ajuste fiscal será ainda maior e, com isso, poderemos ter um aperto de liquidez similar ao que vem sendo discutido no mundo desenvolvido.

Marink Martins

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