Abaixo, a curva de preços futuros do petróleo ("Brent").

27/04/2020

Quando observamos a curva de preços futuros do petróleo notamos que antes da crise a curva tinha uma inclinação negativa, conhecida como "backwardation". Agora possui uma inclinação positiva, conhecida como "Contango".

Para entender um pouco da dinâmica que contribuiu para o choque de demanda que se faz presente neste mercado, gravei um vídeo explicando o que ocorreu na semana passada quando o preço do barril de petróleo WTI negociou com preços negativos (acesse o vídeo clicando aqui). 

Jeffrey Curry, analista de petróleo da Goldman Sachs, sempre que possível repete a seguinte expressão:

No mercado de petróleo "excesso de produção" é normalmente corrigido pelo preço "spot" enquanto "escassez" é normalmente corrigida por preços de longo prazo.

É notório que a queda que observamos nos preços do barril está diretamente associada ao colapso de demanda resultante das quarentenas nos principais centros urbanos do mundo. Mas, passado tudo isso, o que devemos esperar para os preços do petróleo? 

Eu, naturalmente, não tenho uma resposta a essa importante pergunta. Contudo, acredito que vale a pena refletir a respeito de teses delineadas por pessoas influentes.

Dentre elas, temos o Tony Seba, famoso pesquisador da Universidade de Stanford que, através de suas apresentações, fala sobre a revolução que está por vir - denominada por ele de TaaS ("Transport as a Service"). O professor Seba acredita em um mundo onde empresas como a UBER ganham tremenda relevância na economia global com consequências negativas para o setor automobilístico (menor número de carros vendidos) e também para o setor petrolífero (menor consumo de combustíveis fósseis). 

Por um outro lado, há quem acredite que a cura deste excesso momentâneo de petróleo reside nos próprios preços baixíssimos. De acordo com Jeffrey Curry da Goldman Sachs, eventualmente, os preços baixos representarão as sementes para uma eventual escassez. 

Além disso, não podemos descartar em um horizonte de tempo mais próximo a possibilidade de que tensões entre os EUA e o Irã resultem em um fechamento, mesmo que temporariamente, do estreito de Ormuz. Neste caso há quem acredite que o preço do barril de petróleo poderia disparar rapidamente.

Marink Martins

www.myvol.com.br