Podemos vislumbrar um IBOV descolado?

30/05/2019

Sabe-se que junto com a idade vem um enorme ceticismo. Penso neste momento sobre o número de vezes em que se cogitou nos mercados que a bolsa brasileira iria andar de forma independente, sustentada por fundamentos sólidos de um gigante que finalmente estaria acordando.

Certamente, não foram poucas as vezes. Em particular, logo no início de minha carreira no Banco Bozano, Simonsen, vi a mesa de tesouraria, que contava com ninguém menos do que o atual presidente do BC brasileiro, estabelecer uma posição comprada em Brasil e "hedgeada" em S&P 500. Foi um "trade" extremamente doloroso, mas que fazia todo sentido naquele início de 1997 - momento em que parecia impossível o Brasil dar errado.

Já se passaram mais de 20 anos. Foram muitas decepções com este Brasilzão. Em meio a um momento em que o tema volta a ocupar as mentes dos agentes de mercado, julgo que o esforço de avaliação é sempre válido.

Temos inúmeros desafios, mas eu argumento que a nave mãe (EUA), em termos de magnitude, pode estar diante de maiores entraves em termos relativos. Observe que a tese de descolamento pode funcionar tanto por uma "outperformance" brasileira como por uma "underperformance" de seus pares.

Mas, buscando ser um pouco mais objetivo aqui, acho que hoje, a votação do STF a respeito da possibilidade de empresas como a Petrobras vender ativos sem licitação poderá representar - se aprovada - um passo importante em direção a um maior descolamento favorável do principal indicador da bolsa brasileira.

Para o acionista da Petrobras tal evento é certamente um que deverá trazer uma maior volatilidade ao preço da ação. Tudo isso em um momento em que a volatilidade se encontra relativamente baixa, próxima a 28%. Vamos aguardar.

Marink Martins

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