Prevendo a próxima crise em seis gráficos

09/11/2018

No Insights de Mercado de hoje, trago uma matéria super interessante publicada ao longo desta semana no Wall Street Journal que poderá lhes auxiliar a atribuir probabilidades para uma eventual crise no mercado de ações norte-americano.
Marink Martins


Contando nove anos, oito meses e um dia no atual bull market, alguns investidores estão perguntando se uma crise está no horizonte.

O S&P 500 subiu 316% desde que o mercado iniciou a atual tendência de alta, em 2009.

Embora não haja um único indicador capaz de prever o mercado por conta própria, aqui estão seis coisas que analistas e investidores estão observando para ver se o próximo mercado de baixa, tipicamente definido como um declínio de 20% em relação a máxima recente, está próximo.

Nós podemos já estar neste caminho: o S&P 500 está 4,06% abaixo de sua alta histórica alcançada em 20 de setembro de 2018.

1 - Diferencial de taxa entre títulos high-yield

O que é isso
Uma medida do que as empresas mais arriscadas pagam por seus títulos em comparação ao pago pelo governo. Esses spreads de títulos historicamente captaram sinais de estresse econômico mais cedo do que outros ativos.

O que observar
Uma tendência constante maior em spreads de títulos acompanhou as duas últimas crises do mercado de ações. Isso sinalizou que os investidores estavam ficando cautelosos com a capacidade das empresas mais arriscadas em pagarem suas dívidas.

"Isso me diz se as empresas mais estressadas têm o fluxo de caixa para pagar suas dívidas. Se não, para mim isso é um sinal de que estamos mudando de cenário, e os mercados de crédito tendem a dizer isto primeiro".

Alicia Levine, estrategista-chefe de mercado da BNY Mellon Investment Management

2 - Inclinação da curva de juros

O que é isso
A curva de juros é um dos indicadores mais observados da saúde do mercado de ações, medindo as taxas de juros pagas em dívidas de diversos vencimentos. Quando a economia está forte, o rendimento dos títulos do governo de longo prazo é tipicamente maior do que a de curto prazo, refletindo a confiança nas perspectivas econômicas de longo prazo. Quando a curva de juros se inverte e os rendimentos de curto prazo superam os longos, é sinal de que os investidores temem que a inflação - e o crescimento - sejam baixos no futuro. Altas taxas de curto prazo tendem a reduzir os gastos das empresas e dos consumidores, desacelerando a economia e pressionando os lucros das empresas.

O que observar
Inversões costumam preceder recessões. Isto não ocorreu na crise de 1987, mas sim nas crises de 1980, 2000 e 2007. Os investidores estão divididos sobre se uma curva de rendimento invertida nos Treasuries dos EUA ainda pode sinalizar um mercado em baixa, ou se as taxas foram distorcidas por anos de política monetária global não ortodoxa, que mantêm baixos os rendimentos da dívida de longo prazo.

"É uma ferramenta de previsão incrivelmente útil para o mercado de ações".
Jeffrey Kleintop, estrategista global de investimentos da Charles Schwab

3 - O valor total em dólar de fusões e aquisições por mês nos Estados Unidos.

O que observar
Um movimento expressivo de fusões e aquisições historicamente precedeu o fim dos mercados de alta. Um salto nas fusões pode sinalizar que o sentimento se tornou excessivamente otimista - ou que as empresas as vêem como a única maneira de crescimento à medida que a economia desacelera. Fusões e aquisições aumentaram em 2000 e 2007. Máximas mais recentes têm sido falsos alarmes, embora uma máxima neste indicador no final de 2015 tenha sido seguido por uma correção no mercado de ações.

"O entusiasmo com aquisições pode refletir um otimismo econômico mais amplo e coincide com os aumentos nos preços de ações e na expansão do crédito. No entanto, a história mostra que essas ondas de fusões e aquisições são indicadores".
Abi Oladimeji, diretor de investimentos da Thomas Miller Investment.

4- Pedidos semanais de seguro-desemprego

O que observar
Quando o desemprego aumenta, os consumidores gastam menos dinheiro. Os analistas sugerem que um aumento expressivo nos pedidos semanais de seguro desemprego, juntamente a um relatório JOLTS pessimista (Job Openings and Labor Turnover Survey), é um mau sinal para a economia.

"Os pedidos se seguro desemprego são claramente um indicador importante de recessões [...] Começam a refletir na economia quando começam a subir numa base média de quatro semanas, provavelmente após um período indeterminado, e depois continuam a aumentar gradualmente. Isso é apenas um sinal de que algo provavelmente está errado no mercado de trabalho".
Bob Baur, economista-chefe global do Principal Financial Group.

5 - Sentimento do Investidor

A pesquisa AAII é um barômetro do sentimento do investidor varejista norte-americano, que pede aos participantes que prevejam a direção do S&P 500 nos próximos seis meses.

O que observar
Procure extremos de otimismo dos investidores, diz Charles Rotblut na AAII. Quando os investidores ficam muito otimistas, eles tendem a reduzirem suas economias e gastarem mais. Esta medida funcionou muito bem pouco antes do estouro da bolha das dotcom e aumentou pouco antes da crise de 2018.

"Quando você tem confiança entre os jogadores, eles começam a se comportar mal. Eles criam excessos e o urso tem algo para morder."
Jim Paulsen, estrategista-chefe de investimentos do Leuthold Group.

6 - O que o mercado pensa

O que observar
Um indicador relativamente novo, que disparou durante a crise de 2008, e subiu acentuadamente durante outros episódios recentes de estresse do mercado, incluindo o susto de crescimento da China em 2016 que fez os mercados caírem.

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