Qual seria o STRIKE da PUT de Jerome Powell?

26/10/2018

Se você achou o título confuso, deixe-me explicar!

Desde que o banco central dos EUA passou a dizer que sua política monetária é data dependent (depende dos índices econômicos futuros), o mercado de ações passou a se comportar de uma forma como se houvesse um determinado patamar no índice S&P 500 onde os membros do comitê de política monetária "tirassem o pé do freio".

Tal condicionamento de mercado já se faz presente desde a época de Alan Greenspan, e a este deu-se o nome de Greenspan´s PUT, Bernanke´s PUT, Yellen´s PUT, e agora, Powell´s PUT!

Sendo assim, quando pergunto no título acima qual seria o STRIKE de tal contrato, me refiro a que patamar do índice S&P 500 o comitê de política monetária alteraria a sua política de normalização da taxa de juros.

Naturalmente, seria uma tolice um membro de tal comitê ir a público e tentar estabelecer um piso para o mercado. 

Mesmo assim, foi-se o tempo em que o mercado de ações poderia ser ignorado pelos bancos centrais. 

Recentemente, o economista-chefe do Banco Goldman Sachs estimou que a recente queda do índice S&P 500, de aproximadamente 10% da máxima, equivale a um redução no crescimento do PIB projetado de 0,5%! Em outras palavras, dependendo de sua magnitude, uma queda no preço das ações, por si só, já equivale a um aperto monetário análogo a um aumento de 25 bp na taxa básica de juros. 

Esta associação entre comportamento da economia e o desempenho dos mercados é algo inusitado e a deixa extremamente vulnerável. 

É também um sinal dos novos tempos nos EUA. Conforme venho enfatizando em meus comentários, há nos EUA uma enorme concentração de renda onde 1% das famílias mais ricas detém 42% da riqueza do país. Boa parte desta está em imóveis e ações. 

Dito isso, é importante ressaltar que, na noite desta quinta-feira, Loretta Mester, presidente da divisão do FED de Cleveland, e membra do comitê de política monetária (FOMC), discursando em Nova York, disse que apesar da recente queda no mercado de ações, ainda está longe o patamar em que a confiança do consumidor seria abalada. 

Uma pesquisa feita com gestores a respeito deste tema apontou para o patamar de 2.390 pontos no índice S&P 500 como um ponto onde os entrevistados esperam uma mudança de atitude por parte da autoridade monetária.

Acima, observa-se o gráfico dos últimos 3 meses para o ETF - MTUM que reúne empresas com elevado "momentum". O preço de tal ETF perdeu a média móvel de 200 dias, e como podemos ver, seu preço está encostado na banda de bollinger inferior, demonstrando fraqueza. 

Por tudo isso, é recomendado cautela diante desta sexta-feira. Após o fechamento do mercado nesta quinta-feira, foram divulgados os resultados da Amazon e da Alphabet, dona da Google. A reação imediata foi negativa, com analistas frustrados com um menor crescimento na receita por parte de ambas as empresas.

Nesta sexta-feira, comece desde cedo a planejar como você deseja passar este fim de semana em termos de alocação em bolsa. Observe que, tanto por aqui como nos EUA, a volatilidade implícita das opções (Petrobras por aqui, e SPY por lá) estão elevadas. Isso quer dizer que há uma expectativa de movimentos expressivos nos dias a seguir. 

Um bom fim de semana a todos,

Marink Martins 

www.myvol.com.br